Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa Dentro de 48 horas, o brasileiro estará indo às urnas, sob o efeito de pesquisas, debates e notícias. Poucas vezes, aliás, se discutiu tanto o papel da mídia na formação do capital eleitoral de cada candidato. Para os defensores de Lula, todo o tempo, jornais, rádios, TVs, sites e blogs de internet atentaram contra a figura presidencial, numa espécie de ante-sala para o golpe do governo mais justo deste País nos últimos tempos. Para os adversários do PT e de Lula, poucas vezes a imprensa mostrou de forma tão cristaliana a corrupção que devastou uma gestão dita virtuosa. Alguns veículos se notabilizaram por fazer oposição ao presidente desde o primeiro dia. E se especializaram em procurar debaixo do tapete razões para desabonar Lula e seu governo. A capa deste trabalho investigativo naturalmente é o de bem informar a população. O que há de errado nisto? Nada, se for considerado que a história da imprensa é repleta de partidarismo. Quem está em cima do muro geralmente é malvisto.
O que os defensores de Lula não confessaram, e aí jogaram a culpa na imprensa por ser o caminho mais fácil - e por pura preguiça intelectual -, é que estiveram na iminência de ver seu herói apeado do poder por puro merecimento. Apeado, aliás, pelo voto, não pela força. Apoiaram-no por medo e com duas esperanças: de não ver a dupla PSDB-PFL retornar ao poder após um hiato de quatro anos; e que se os lambões do governo tiverem de aprontar das suas, que ao menos sejam discretos e inteligentes. Assim, culpam a imprensa por um lacerdismo não apenas extemporâneo, mas tacanho. Enquanto a imprensa deu divulgação à Pasta Rosa, ao Caso Sivam, ao Dossiê Cayman, à compra da reeleição no Congresso, foi a "nossa" imprensa, bastião da liberdade e repositório de credibilidade. Mas o vento virou e quem era bom ficou mau. O vício da esquerda do "centralismo democrático", o desejo de estabelecer a submissão da opinião a um Politburo que só existe nas cabeças obscurantistas desembocou na classificação dos veículos como corrompidos. A prova maior de que a imprensa não é incendiária, conforme a acusaram, é que todo o País vai às urnas domingo. Lula disputará o pleito e, se vencer, a vontade popular será respeitada. Neste ano e meio de crise política, jornais, rádios e TVs não construíram nenhum Messias, tampouco disseram "basta", "chega" ou "fora". Ao contrário. Quando o PT gritava "Fora FHC", não faltava espaço na imprensa para tal fato.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/29/2006 01:50:00 AM |
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