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MUDA O ELEITORADO, NÃO OS INSTITUTOS
Por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa
- Depois, dizem que é má vontade. Basta, porém, atentar para os números desta semana para se ter a noção de como as pesquisas confundem muito mais do que esclarecem. Pelo Ibope, a diferença entre o presidente Lula e seus adversários, somados, é de três pontos percentuais. Quase um passaporte para o segundo turno. Já o Datafolha conclui por oito pontos entre eles. O instituto Sensus divulga 15. E o Vox Populi, 17. A conclusão é de que, para essas três empresas, o presidente Lula vence as eleições no primeiro turno.
Convenhamos, não faria melhor o Chacrinha, saudoso palhaço que dizia ter vindo para confundir, não para explicar? Porque explicação precisarão dar pelo menos três institutos, senão os quatro, assim que revelado o resultado das urnas.
Questão de metodologia
Dizem os doutos consultores, cientistas políticos e observadores engajados tratar-se de uma questão de metodologia, ou seja, estão todos certos. Errado é o público que deglute os números sem compreender sua complexidade.
Meses atrás, quando o Congresso examinava a hipótese de votar determinadas reformas eleitorais, a reação foi enorme diante da proposta de proibição da divulgação de pesquisas um mês antes das eleições. Seria um crime contra a liberdade de imprensa. Nada a opor, seria mesmo. No entanto, proibiram a realização de showmícios, a distribuição de brindes e camisetas com referência a candidatos e até cartazes nos postes e muros.
É verdade que pouco adiantaram esses paliativos, porque aqui em Brasília, por exemplo, se os muros e postes estão livres da sujeira, inventou-se singular derivativo. Os cartazes são fixados no chão, com duas estacas. E aparecem aos montes nos jardins de residências particulares. Prejudicados, mesmo, foram cantores, conjuntos e bandas de música popular, impedidos de receber cachê de freqüência em palanques.
Na televisão, nada mudou. Cenas externas continuam apresentando candidatos beijando criancinhas, mostrando fábricas e colheitas impecáveis e até o auditório das Nações Unidas com todas as delegações de pé, aplaudindo. Só que não aplaudiam o presidente Lula, conforme sugerido, mas o secretário-geral que se despedia do plenário.
Um dia desses, quem sabe em 50 ou 100 anos, chegaremos a praticar a sugestão do senador Pedro Simon, para quem a propaganda eleitoral televisiva deveria limitar-se a um banquinho, onde sentaria o candidato, para dizer a que vem ou não vem.
Faltando dois dias para as eleições, a hora é de os institutos de pesquisa acomodarem seus resultados à iminente voz das urnas. E sem pedir desculpas à população, mas tentando demonstrar que o eleitorado mudou, à última hora.


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/29/2006 01:57:00 AM      |