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NOSSO FUTURO É A ÁFRICA
Por Adauto Medeiros, engenheiro
É lamentável que até agora tenhamos perdido todas as oportunidades de nos tornamos uma grande nação. Talvez a primeira delas, tenha sido quando Domingos Fernandes Calabar no século 17 preferiu a colonização holandesa à portuguesa. Ele acreditava que os holandeses trariam a liberdade muito especialmente a religiosa e a possibilidade de dar inicio a nossa industrialização. Foi enforcado pelos portugueses. Nossas riquezas, especialmente o ouro, eram levadas para Portugal e provavelmente até hoje culpamos os outros pelas nossas desgraças. Hoje são os americanos, antes já foram os ingleses, os franceses e também os patrícios de além mar.
Abandonamos o ensino público e com isto nos tornamos inviáveis sob qualquer aspecto do desenvolvimento. Na década de 60 tínhamos os mesmos números que a Coréia. Hoje, no país asiático 80% dos alunos que concluem o ensino médio vão para as universidades. No Brasil, apenas 20%, o que explica o fato de não termos mão de obra especializada e nem uma elite intelectual para pesquisa. Temos sim, sociólogos, antropólogos, filósofos, advogados, ambientalistas, mas nos faltam engenheiros, físicos, matemáticos, estatísticos, biólogos, que são as profissões que podem fazer pesquisa e tirar o Brasil do atraso do Buraco Negro do conhecimento cientifico.
Aqui só pensamos no “social” e pior nos falta fontes de financiamento, não só através do Estado como também na iniciativa privada. O pouco que temos é usado pelo governo atual para fazer proselitismo político da forma mais irresponsável. Na verdade, perdemos com o governo Lula a chance de aproveitarmos o crescimento mundial, e que o governo apenas usou para pagar adiantado o FMI, e com isso vender a idéia de diminuição da relação Divida/PIB, mas em compensação aumentou a divida interna de 650 bilhões para 1 trilhão, apesar de ter pagado 450 bilhões de juros. Claro que o povão não sabe disso, mas que tenhamos uma elite política e empresarial que vire as costas para esses números é que mostra todo o nosso desastre e a prova da nossa irresponsabilidade. Logo não é difícil afirmar que há algo errado com a nossa política econômica.
A divida interna tira a capacidade do Estado de investir. Hoje temos um investimento da ordem de 0,04% do PIB, enquanto temos juros da ordem de 9% do PIB. Algo profundamente errado está ocorrendo. E sem infraestrutura a iniciativa privada não pode investir e o Estado vive de dar esmolas assistencialistas, que além de escravizar o povo, ainda compra votos com o dinheiro do contribuinte. Pode sair uma eleição barata para os políticos, mas caríssima para a sociedade como um todo.
A lógica política se torna perversa. Ora, para que fazer reformas se do jeito que vão as coisas estão dando certo para o governo, para a classe política como um todo, para os dirigentes sindicais e principalmente para os governadores que geram e criam feudos e pobreza? Quanto mais pobre for a sociedade, melhor para eles, para a classe política., pois é da pobreza que eles vivem, aliás vivem muito bem.
Já perdemos em crescimento para a América Latrina, não só em desenvolvimento como no ensino. Hoje os latrinos conseguem colocar 40% dos estudantes nas universidades e nós apenas 20%. Vamos ou não vamos ser uma África brevemente, isto é, se já não tornamos?




Editado por Giulio Sanmartini   às   9/09/2006 04:46:00 AM      |