por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa A falta de rumo do governo Evo Morales fica mais patente a cada dia. Toma decisões mercuriais e completamente equivocadas por querer obter controle semelhante ao que Hugo Chávez - conselheiro de cabeceira do presidente boliviano - conseguiu na Venezuela. Entre medidas populistas e estúpidas, está a escolha da Petrobras como Judas a ser malhado na condição de exploradora-mor dos recursos naturais do país. Tudo não passa de uma manobra diversionista, para usar uma terminologia que as esquerdas reacionárias, como a de Evo Morales, conhecem bem. Sua situação política é péssima: pretendia fazer uma constituinte que ampliava os próprios poderes e punha os da oposição em proporção muito menor. Ou seja, qualquer semelhança com uma ditadura nos moldes venezuelanos não é mera coincidência. Só que a aventura do chefe cocalero naufragou. Como não tinha apelo popular suficiente, seus adversários conseguiram montar uma barricada política suficientemente forte no Congresso, em Sucre. Como a Evo Morales não interessa nada além do monólogo, ameaçou suspender a assembléia constituinte - algo que a oposição, naturalmente, reagiu.
Na falta de argumento e de projetos, tirou do armário o velho esqueleto das esquerdas latino-americanas: os Estados Unidos. Desde a semana passada, acusa o governo de George W. Bush de estar por trás de um plano para derrubá-lo. Influência de Chávez até no discurso. A massa, porém, não se sensibilizou. O golpe contra a Petrobras é mais uma tentativa de galvanizar o povo em torno de um projeto ultrapassado e desarticulado de governo. Como já fizera com a lei anterior de hidrocarbonetos, trata-se de uma jogada para a torcida, que supre a ausência de objetivos e projetos. Como o governo boliviano estava com pouca margem de manobra para negociar um aumento expressivo no preço do gás, além das pressões contrárias por pura falta de habilidade política, Evo recorreu à jogada popularesca para reaver parte do prestígio que jogou pela janela com atitudes insensatas. Como esta de tomar na mão grande as refinarias da Petrobras. E usando um argumento idiota, o de que a empresa teria lucrado US$ 320 milhões a mais do que a Lei de Hidrocarbonetos permite.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/15/2006 01:31:00 AM |
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