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DE OLHO NA FOLHINHA
Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa
Lula é um aluno aplicado na utilização de padrões da velha política que, dizia, iria romper. A exemplo de José Sarney, hoje seu conselheiro de cabeceira, também fez das eleições razão para ficar de bem com o eleitor. Nos tempos em que foi presidente, o hoje senador lançou um plano econômico de fôlego curto, mas suficiente para obter uma vitória maiúscula nas urnas. Conquistado o objetivo, voltou-se à velha desarrumação de inflação galopante.
Já Lula vem adoçando a boca do eleitor com planos, o mais recente este que teoricamente facilita a compra da casa própria. Teoricamente. A única vantagem visível que propõe é entrar num financiamento com parcelas cujos juros são prefixados, a exemplo do que já acontece com os automóveis. O restante dos pontos do pacote depende muito de fatores externos, nem sempre ao alcance do trabalhador - como o financiamento do BNDES.
A bondade do governo se acaba, porém, depois de 1º de outubro. Podem anotar: a primeira coisa que vai subir é o combustível. Com os preços do petróleo em alta no mercado internacional - o fechamento do tipo Brent, ontem, em Londres, foi de US$ 62,99 -, a Petrobras não vai agüentar muito tempo trabalhando com os atuais níveis. Há até uma proposta dos usineiros para aumentar, de novo, a mistura do álcool à gasolina, que atenderia aos dois lados - o combustível não sobe e os plantadores de cana têm objetivo para o excedente. Mas o governo se fechou em copas.
O gás é outro produto que também terá reajuste em breve. As gestões com os representantes da Bolívia vêm sendo cozinhadas em banho-maria. O próprio governo Evo Morales vem tratando a questão com cuidado, pois não deseja que a radicalização das negociações influam na reeleição de Lula. Por isso as conversas se arrastam, mas que o aumento é inevitável, isto é certo.
Semanas atrás, o governo baixou um pacote cambial como forma de desonerar o exportador. Abre mão de receita com o objetivo de tentar diminuir os prejuízos causados pelo dólar desvalorizado. Poderia ter feito isto há tempos, mas preferiu a proximidade com o calendário eleitoral.
Práticas pontuais não resolvem o problema, sequer o amenizam. São lantejoulas bem próprias de um estilo ultrapassado de administração, sempre de olho nos benefícios eleitorais que podem ser retirados. E quem diria que Lula justificaria a frase de que não há ninguém tão conservador quanto um revolucionário no poder.


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/14/2006 07:47:00 AM      |