Lovelock diz que todas as restrições que se colocam à energia nuclear são irrelevantes quando comparadas com a “febre” que nos aguarda, devido à queima crescente de combustíveis fósseis como carvão, gás e petróleo. Diz ainda que os Estados Unidos, com pouco menos de 300 milhões de habitantes, são responsáveis por 25% do dióxido de carbono – CO2, o gás causador do aquecimento global - lançado à atmosfera. Afirma que quando a China, com 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, e a Índia, com 1 bilhão e cem milhões, alcançarem, em futuro próximo, um desenvolvimento avizinhado ao dos Estados Unidos, o planeta terá um clima insustentável.
As previsões de Lovelock foram agora reforçadas por medições científicas do permafrost (solo permanentemente congelado) siberiano, que está se derretendo, em conseqüência do aquecimento global. O mecanismo é o seguinte: o aumento do CO2 na atmosfera eleva a temperatura do ar, o que provoca o descongelamento do permafrost e este, ao derreter, liberta o metano, um gás 23 vezes mais poderoso do que o CO2 no aprisionamento do calor na superfície terrestre.
É um círculo vicioso que terá “resultados calamitosos”, nas palavras da climatologista americana Katey Walter, da Universidade de Alasca, em Fairbanks.
Ponham suas barbas de molho.
(José Inácio Werneck é jornalista e escritor, com passagem em órgãos de comunicação no Brasil, Inglaterra e Estados Unidos. Publicou o estudo sociológico “Com Esperança no Coração: Os Imigrantes Brasileiros nos Estados Unidos” e a novela “Sabor de Mar”. Exerce as funções de intérprete judicial do Estado de Connecticut.)