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TUCANO IMPRESSIONA INTELECTUAIS E ARTISTAS
Na Tribuna da Imprensa
O candidato à Presidência do PSDB, Geraldo Alckmin, saiu bem avaliado de uma reunião que teve com intelectuais, artistas e empresários na noite de terça-feira no Rio. O encontro foi organizado pelo ex-ministro da Cultura Francisco Weffort e pela presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio, Helena Severo. O cenário escolhido foi o apartamento da produtora de cinema Eva Mariani, na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, na Zona Sul da cidade.
Na reunião, também ficou decidido que o ex-governador de São Paulo terá um comitê suprapartidário no Rio, onde serão realizados debates e encontros com segmentos desligados dos palanques estaduais. O aluguel de uma casa no Humaitá, Zona Sul, está em negociação. Alckmin se comprometeu a visitar o comitê com regularidade até a eleição de outubro.
Segundo Helena, a reunião serviu para aproximar Alckmin dos "formadores de opinião" cariocas simpatizantes da candidatura tucana. "Foi um encontro bem produtivo. O sentido foi consolidar a idéia de que ele é um candidato viável. Faltava essa aproximação, que é importante. Ele conseguiu passar para nós, cariocas, como está bem informado sobre o Rio", disse Helena.
Alckmin chegou ao edifício voltado para a Praia de Ipanema por volta das 20h e respondeu a perguntas dos 85 convidados por duas horas. Depois, jantou e conversou descontraidamente. Saiu pouco depois da meia-noite, duas horas depois do que planejara. O grupo convidado era bastante eclético. Estavam lá os escritores Ferreira Gullar e Nélida Piñon; o antropólogo Roberto Damatta; o humorista do "Casseta e Planeta", Marcelo Madureira; o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga; a vereadora tucana Andréa Gouvêa Vieira; a editora Vivi Nabuco e o advogado Nélio Machado.
Também participaram o ex-embaixador Sebastião do Rego Barros, o ex-prefeito do Rio Israel Klabin, o ex-presidente da BR Distribuidora Luiz Antônio Viana, o vice-prefeito do Rio, Otávio Leite, Pedro Buarque de Holanda, um dos sócios da Conspiração Filmes, e Ana Jobim, viúva de Tom Jobim.
Boa parte dos convidados se encontrava com Alckmin pela primeira vez, como foi o caso do poeta Ferreira Gullar. "Tive boa impressão, foi uma conversa simples, mas ele realmente mostrou que tem conhecimento efetivo do País. Não é uma farsa, com demagogia ou promessas fantasiosas. Apresentou soluções que podem ser consideradas viáveis", afirmou. "Além disso é uma pessoa ética, o que é muito importante, sobretudo atualmente. Quando o presidente Lula diz que vai ter a ousadia de defender a ética é para dar uma gargalhada, não é?", disse o escritor.
Gullar ficou satisfeito com o panorama que Alckmin fez sobre sua gestão na área de segurança em São Paulo, apesar da recente onda de violência. "Esse é um problema de todo o País".
Depois de Alckmin dar respostas técnicas cheias de números para alguns assuntos, o antropólogo Roberto Damatta disse ao candidato tucano que a reintrodução de valores como o pensamento republicano, a ética e a cidadania será o grande diferencial dessa campanha. "Ele deu um depoimento muito emocionado de que é preciso ter mais 'coração' na campanha. Disse que o candidato não pode ser frio", contou a vereadora Andrea Gouvea Vieira. Segundo ela, Alckmin respondeu que a propaganda na TV será uma "luta de personalidade" e que aquele que tiver mais firmeza e seriedade vai ganhar o eleitor.
De Armínio Fraga, o candidato do PSDB ouviu que é preciso melhorar a comunicação com as classes C, D e E, que sustentam a intenção de voto em Lula e, para o ex-presidente do BC, é a menos informada sobre os escândalos de corrupção do governo petista.
Alckmin disse que está otimista com o início da propaganda na TV para ampliar sua comunicação e usou as intervenções de Fraga para falar sobre economia e defender maior controle dos gastos públicos.
Helena Severo contou que não quis dar à reunião um caráter apenas cultural e se preocupou em convidar representantes de vários setores. Com um grupo de advogados, por exemplo, Alckmin conversou sobre reforma tributária. Com o humorista Marcelo Madureira, falou sobre o Judiciário.
"Eu e Weffort achamos que ele deveria organizar encontros como este nas principais capitais, onde estão os formadores de opinião. É claro que ele não conquistou apenas 85 votos, mas multiplicadores", avalia Helena, que fez a única pergunta sobre cultura da noite. Ela propôs que, se eleito, Alckmin estabeleça 1% do Orçamento da União como verba carimbada para a Cultura. "Candidatos gostam de encontrar artistas, mas no cargo não dão dinheiro para a Cultura. Política pública sem orçamento é manual de boas intenções". Alckmin achou boa a idéia, mas observou que precisa analisá-la melhor.


Editado por Giulio Sanmartini   às   8/03/2006 01:17:00 AM      |