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Herdeiros da Varig
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HERDEIROS DA VARIG Ralph J. Hofmann 02/08/06
Não vamos defender a gestão da Varig nos últimos anos. Mas historicamente era uma interlocutora digna. Durante 20 anos a cada seis meses levávamos a receita de medicamentos essenciais de minha mãe a um médico autorizado pela Varig, e este a ratificava. A seguir passávamos no escritório da Varig no setor de cargas do Aeroporto Salgado Filho, entregávamos o valor do medicamento em reais. Pronto, poucas semanas depois o medicamento estava em mãos, sem burocracia ou stress. Anos a fio. Até que um laboratório nacional criou um produto de igual eficácia, e, pasmem, até mais barato.
Era possível conversar com a Varig sobre algum problema. Ela tinha quem nos escutasse. Em troca, nossa primeira opção para viajar sempre era a Varig.
Isso não quer dizer que a Varig não tenha sido imensamente irritante em certas ocasiões, mas, ela sempre foi mais amada que odiada.
Nas últimas semanas tive oportunidade de sentir que falta faz uma empresa interlocutora. Um dos meus filhos precisava adquirir uma passagem para a Itália. Deverá permanecer numa universidade italiana por 12 meses. Teve de adquirir uma passagem ao dobro do preço antigo. E não foi fácil. Se deixasse de comprar essa passagem teria de pagar mais outros 50%. Portanto comprou uma passagem em julho para voar em agosto, sendo que teoricamente deve voltar ao Brasil em fim de Setembro de 2007. Provavelmente vai perder a perna do retorno e terá de adquirir mais uma passagem. E isto que é bolsista de uma universidade federal brasileira e da União Européia, trabalhando num projeto de interesse do país.
A atuação das novas companhias aéreas brasileiras, gerando lucros com preços baixos tem sido cantada em prosa e verso. E de fato há muito de meritório nelas. Contudo, neste momento estamos vendo que o cobertor está curto. Está deixando ao relento as pessoas que sempre puderam confiar em transportes aéreos confiáveis a preços razoáveis no país,
Falta, como sempre, uma atenção maior para com os usuários do transporte aéreo. Por exemplo, a ANAC deveria estar autorizando um certo número de "charters" nem que para isso tenha de criar uma "Associação dos Passageiros Abandonados em Aeroportos" com taxa de filiação de cinqüenta centavos. Isso serviria para colocar em dia as obrigações com os órfãos da Varig e encorajaria as empresas que estão se locupletando com a falta de assentos em aviões para cobrar o que não cobravam antes antes.
Já vi isso antes. Em 1986. Chamava-se ágio.
Editado por Adriana às 8/02/2006 02:06:00 PM |
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