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O ROTO FALANDO MAL DO ESFARRAPADO
Editorial em Jornal da Tarde
Continua em nível abaixo do que a gravidade da crise exige dos políticos a polêmica sobre os esforços da União e do governo do Estado de São Paulo para agirem em conjunto, mas se negam a fazê-lo por culpa da conjuntura eleitoral, para reduzir os efeitos da decisão do Primeiro Comando da Capital (PCC) de ameaçar e desmoralizar as autoridades constituídas para reprimir suas ações criminosas.
No fim de semana anterior ao último, o criminalista Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, deu entrevista aos jornais do Grupo Estado lamentando o fato de o governador Cláudio Lembo ter recusado ajuda federal, que seria materializada em tropas fardadas, armadas e embaladas do Exército nas ruas de São Paulo. Segundo Sua Excelência, a negativa tinha que ver exclusivamente com a rivalidade que opõe o PT ao PSDB nas disputas eleitorais pela Presidência da República e pelo governo do maior Estado da Federação.
Uma semana depois, veio a resposta no mesmo tom, dada pelo secretário de Segurança Pública paulista, o promotor Saulo de Castro Abreu Filho, que garantiu ter pedido ajuda pessoalmente ao ministro e nada recebido. Segundo o entrevistado, o governo pediu à União o envio de soldados do Exército para guardar muralhas do presídio e liberar policiais para a guerra contra o PCC; e de homens da tal Força Nacional de Segurança para liberar a polícia da escolta de presos e ajudá-la no trabalho de escuta telefônica. O ministro também teria feito ouvidos de mercador à solicitação da liberação de R$ 740 milhões para projetos de inteligência, um dos quais seria a interligação dos dados de criminosos da Polícia Federal com a Civil e Militar paulista.
Com a revelação de que o total dos recursos enviados por fundos federais ao Estado para aplicação em segurança pública teria caído de R$ 181 milhões em 2001 para R$ 27 milhões em 2005, ou seja, 85% nos últimos 4 anos, fica claro que essa briga tem um perdedor: o cidadão, alvo da sanha dos bandidos e desprotegido pela autoridade constituída para lhe garantir a vida. O debate entre o roto de uma política estadual de segurança sabidamente ineficiente com o esfarrapado federal, com promessas demais e verbas de menos, em nada contribui para reverter a situação calamitosa nos presídios e nas ruas.




Editado por Giulio Sanmartini   às   8/02/2006 12:20:00 PM      |