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SE FOSSE NA CHINA
Por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa
BRASÍLIA - Virou moda, de uns tempos para cá, divulgar e exaltar a China, ainda que de forma meio capenga, apenas por conta da abertura econômica responsável pela melhoria de vida de 200 milhões de habitantes, num total de 1 bilhão e 300 milhões. Seria bom que os nossos áulicos do capitalismo selvagem atentassem para o conjunto dos fatos registrados naquele país, algo bem acima do neoliberalismo parcial verificado do outro lado do planeta.
O que aconteceria com o animal que assassinou um singelo turista português, em Copacabana? Já estaria julgado, condenado e executado com um tiro na nuca, obrigando sua família a pagar a bala. Da mesma forma, onde estaria um repórter da televisão chinesa, caso seqüestrado, com a exigência da divulgação de um vídeo dos criminosos? Pode ser que em liberdade. Quem sabe ainda em poder dos bandidos. Talvez até executado. Mas jamais a televisão teria transmitido a mensagem celerada, porque a China não negocia com terroristas.
Por ironia, nem a China nem os Estados Unidos, onde o braço do poder público é tão ou mais pesado. O julgamento do assassino da praia demoraria um pouco mais, ainda que o resultado fosse o mesmo: morte por injeção letal.
Não devem ser emitidos juízos de valor sobre a forma de atuação das instituições americana e chinesa. Cada povo estabelece suas próprias leis.
A pena capital inexiste entre nós, é muito bom que seja assim, mas não dá para aceitar que dentro de poucos anos seja posto em liberdade o responsável pelo assassinato do turista português. Prisão perpétua em isolamento completo seria o mínimo. Quanto à iniciativa da Rede Globo de divulgar a mensagem exigida pelos seqüestradores, é digna de louvor, pois se tratava de salvar uma vida. Mesmo assim, como admitir que o crime organizado chegasse a tanto? Deveria ter sido massacrado faz muito, até para evitar a repetição do episódio.
Apesar de nossa cultura amena e da tolerância de nossas instituições, uma coisa é certa: China e Estados Unidos, de quando em quando, nos fazem inveja.


Editado por Giulio Sanmartini   às   8/17/2006 01:34:00 AM      |