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RISCO DE SEPTICEMIA
Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa
O PT está na iminência de um desastre eleitoral. Se já ia pelejar para conquistar votos em função de todas as lambanças em que se meteu, a mais recente, dando conta do envolvimento de personagens do partido com a máfia das ambulâncias, vem apenas piorar a situação. Conversando ontem e anteontem com fontes petistas no Estado do Rio, algumas delas admitem o estrago e reconhecem que somente os nomes de proa da legenda têm condições de se eleger, principalmente no âmbito estadual. Outros que têm se identificado imensamente com a tropa de choque do governo vão suar a camisa. Mas a previsão é pessimista para as caras novas.
A razão disto é que dependem mais do partido do que de si mesmos. São desconhecidos, têm pouco a apresentar e, portanto, se inserem naquela cota de desconfiança do eleitorado. Que tem raciocinado cartesianamente: se cardeais petistas foram capazes de se servir da máquina estatal para faturar, por que não acreditar que a arraia miúda não fará o mesmo? Aquele compromisso com a ética e com a decência na vida pública hoje é apenas a trajetória de um PT que não mais existe.
Quando o deputado Paulo Rubem Santiago (PE) pediu a punição imediata do presidente do partido do Ceará, José Airton Cirilo, expressou esta preocupação. A resistência às caras novas é exatamente pela leniência com que tratou todos os seus acusados de envolvimento em escândalos. Num gesto paternal, deu-lhes a possibilidade de continuar se metendo em negócios escusos com o dinheiro público. Ainda que não tenham sido julgados e condenados pela Justiça, dificilmente encontrarão a mesma compreensão e boa vontade da parte do eleitor.
Inclusive, há um temor generalizado dentro do PT de que o esquema de corrupção envolvendo a máfia das ambulâncias alcance a antiga cúpula partidária. Embora ninguém tenha ainda condições de determinar, acham estranho que novamente o diretório do Ceará esteja envolvido num escândalo nacional.
Meses atrás foi um assessor do deputado José Nobre Guimarães, líder do partido na Assembléia Legislativa cearense e irmão do ex-presidente José Genoino, detido em São Paulo com cerca de R$ 400 mil, parte deste valor em dólares e escondidos na cueca. No jogo de empurra, ninguém se responsabilizou por coisa alguma, o caso saiu do noticiário e toda a culpa ficou sobre o personagem menor.
Desconfiou-se, tempos depois, que era dinheiro arrecadado no esquema das prefeituras petistas em São Paulo que estava sendo "exportado" para ser contabilizado de modo a que não chamasse a atenção.
Até que ponto também todo este embrulho vai atingir Lula é algo que começa a preocupar. Afinal, o PT fechou como prioridade o compromisso de reelegê-lo, fazendo dele seu principal puxador de bancada. Por enquanto, os dois têm andado descolados, algo que favorece o presidente, mas somente as próximas pesquisas de opinião é que vão determinar o alcance da contaminação de um sobre o outro.
Afinal, como salientou o deputado Paulo Rubem Santiago, que com todas as letras disse que o partido não pode mais ficar atribuindo suas culpas à campanha da oposição, o risco é que a infecção se espalhe, se torne septicemia e mate o sonho da construção de mais um mandato.


Editado por Giulio Sanmartini   às   8/05/2006 04:14:00 AM      |