Por Villas-Bôas Corrêa em o Jornal do Brasil A um mês do primeiro turno das eleições, no atordoamento da mudança da água para a pinga da agressividade da campanha e com o presidente-candidato disparado nas pesquisas - depois de muito ouvir e ler as suas declarações, discursos e improvisos, de examinar as suas promessas e conferir os badalados sucessos e realizações - o pensamento vadio se solta na especulação do que seria do Brasil, como estaria o nosso país sem os três anos e nove meses do mais revolucionário governo de todos os tempos, desde a chegada do almirante Pedro Álvares Cabral a estas terras ocupadas pelos índios. Vamos começar pela mais repetida louvação do Bolsa Família, que sacia a fome de 11 milhões de lares ou 44 milhões de carentes. Milhões de barriga cheia, pacificados pela gratidão que se manifesta em votos e que, sem Lula, vagariam pelas ruas, acampariam nas praças, debaixo das pontes, na provação da mendicância. E quem, além de Lula, jamais cuidou dos pobres neste país por ele reinaugurado? No último programa eleitoral fomos surpreendidos com a informação de que o governo de Lula restaurou a rede rodoviária, que herdou esburacada pela negligência do antecessor; recuperou os portos em péssimo estado e modernizou e ampliou as ferrovias, que cortam o país de norte a sul, desafogando o transporte da recordista produção em geral, especialmente a agrícola em extraordinário crescimento.
O motorista desinformado que enxergar buracos nas estradas ou sentir os solavancos do veículo na trepidação dos calombos deve consultar o oculista para aumentar o grau dos óculos. E nunca acredite em filas quilométricas de caminhões, esperando, durante dias, a vaga nos portos para embarcar a carga que se deteriora ao sol e ao sereno. Pura intriga da oposição. Quem preferir a segurança dos trens é só consultar horários, comprar o bilhete e viajar no conforto de vagões refrigerados para a cidade da sua escolha. Uma beleza! Não esquente a cabeça em caso de doença da família. Para as emergências, os postos de saúde do INSS, abertos dia e noite, com médicos e enfermeiras à disposição, garantem o atendimento rápido, sem fila e de alto nível. Se for necessária a internação, os hospitais públicos reformados, ampliados e modernizados, com equipamentos de primeiro mundo, asseguram o transporte em ambulâncias impecáveis e com todos os recursos para um atendimento que nada fica a dever aos de escorchantes preços dos congêneres particulares dos ricos. A ranhetice da oposição sem assunto cutuca o governo com a lengalenga das denúncias de corrupção, remexendo no monturo dos escândalos do caixa 2, dos sanguessugas, da dura qualificação de quadrilha, de "organização criminosa" pelo procurador-geral da República, na denúncia ao Supremo Tribunal Federal dos 40 acusados de envolvimento com o mensalão, judiciosamente utilizado para a compra e aluguel de deputados para fortalecer a base de apoio parlamentar do governo. Com a generosidade da boa-fé, constata-se que a temporada da corrupção despertou o Congresso da madraçaria das mordomias e estimulou a curiosidade popular para as intensas atividades do Legislativo. Ora, a popularidade é a meta suprema da ambição dos políticos. O que seria do Legislativo e do PT sem o Lula? Só pensar, dá medo.
Editado por Giulio Sanmartini às 8/31/2006 04:20:00 AM |
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