Na Tribuna da Imprensa Diante de uma platéia bem menor do que aquela que o ouviu há quatro anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso ontem à noite para artistas reunidos na casa do ministro da Cultura, Gilberto Gil, em São Conrado, na Gávea, Zona Sul do Rio. Se, em 2002, o PT precisou de uma grande churrascaria para acomodar 300 convidados, ontem ele se encontrou com cerca de 80 artistas. Por mais de meia hora, Lula citou os feitos de seu governo e ouviu aplausos, mas também reivindicações. Entre os cabos eleitorais de Lula, o que mais se emocionou foi o músico Wagner Tiso, a quem o presidente agradeceu pelo apoio no momento da maior crise, referindo-se à cassação de José Dirceu. O ator José de Abreu pediu palmas para Dirceu, José Genoino e José Mentor. Nesse momento, Lula saiu em defesa dos companheiros acusados de corrupção: "as urnas os absolverão". As grandes ausências foram o compositor Chico Buarque de Holanda que se justificou dizendo não ter ido em função do ensaio para um show que fará no Ibirapuera na próxima quinta-feira, e da ex-mulher dele, a atriz Marieta Severo. Ela está filmando a versão para o cinema do seriado A Grande Família e afirmou, por sua assessoria, que pretende votar em Lula, mas não quer fazer campanha, por enquanto.
Um dos organizadores do encontro, o presidente da Funarte, Antônio Grassi, explicou à tarde, antes da reunião, que não se tratava de um encontro formal para a categoria fazer reivindicações. "Esse acontecerá na primeira semana de setembro, quando divulgaremos também o programa de governo." Mesmo assim houve algumas. O compositor Nelson Sargento reclamou da questão do direito autoral e a empresária Taís Mendes, irmã da vereadora Andréa Gouvêa Vieira (uma das organizadoras da campanha de Geraldo Alckmin no Rio), pediu mais atenção para a questão da violência. Estiveram presentes, entre outros, os atores Paulo Betti, Arlete Salles, Renata Sorrah, José de Abreu, Tonico Pereira e Bete Mendes; os músicos Jards Macalé, Jorge Mautner, Rildo Hora, Zeca Pagodinho (este com o filho Eduardo) Alcione e Fernanda Abreu; a modelo Luiza Brunet, com o marido Armando Fernandez; o casal de produtores de cinema Lucy e Luiz Carlos Barreto; os cineastas Katia Lund e Roberto Farias; e os teatrólogos Augusto Boal e Amir Haddad. Gil explicou a ausência do amigo Caetano Veloso: "Ele já está brigado com o Lula há muitos anos e não é só uma questão racional, é uma questão de afeto também. Porque política se faz com a razão e com o afeto. Até porque, racionalmente, não há grandes diferenças, pois as questões que qualquer governante enfrenta são as mesmas, o que diferencia é o afeto. Para mim, ao menos, sempre foi assim." Antigo eleitor de Lula, o poeta Ferreira Gullar já declarou voto no candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. O compositor Aldir Blanc declarou há dias que também não votaria novamente no presidente. A escritora Nélida Piñon, que compareceu a uma reunião de Alckmin no início do mês, disse ainda não ter decidido em quem vai votar. "Só sei que não quero Lula de novo", disse na ocasião.
Editado por Giulio Sanmartini às 8/22/2006 09:27:00 AM |
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