por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa
BRASÍLIA - Reorganizou-se a quadrilha. À exceção dos três deputados cassados (Roberto Jefferson, José Dirceu e Pedro Correia), são candidatos à reeleição todos os que renunciaram ou foram absolvidos no plenário da Câmara. 19, ao todo, boa parte do PT, mas alguns de PP, PL, PTB e até PMDB. O escândalo do mensalão atingiu pelo menos 80, mas tem mais: 280 estão citados como sócios-atletas da "operação
sanguessuga".
Nenhum terá o registro impugnado. Mesmo fugindo à tentação de fulanizá-los, pois um ou outro pode ser inocente, salta aos olhos a evidência: o novo Congresso será pior. Delúbios poderão ter ficado para trás, como mentores das safadezas, mas a massa de manobra será a mesma, para quem os suceder.
Muitos raciocinam em termos de democracia ampla, isto é, se o eleitorado elegê-los, não há nada a fazer senão empossá-los. Não cabe à Justiça Eleitoral julgá-los antes de condenações não transitadas em julgado na Justiça comum. Imaginar que pudessem ter seus registros negados ou cassados por suspeita de participação em maracutaias equivalerá a correr o risco de praticar injustiças. A conseqüência é de que o futuro Congresso estará pleno de bandidos.