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A COPA DO MUNDO PARA QUEM GOSTA DE NÚMEROS
por Giulio Sanmartini
No Cidade do Vaticano, quando há a eleição de um novo papa, diz-se algo que já se transformou em num provérbio secular: “Quem entra no conclave papa, sai cardeal”. Isso quer dizer que, normalmente aqueles cardeais considerados papáveis pelos vaticanólogos, raramente são eleitos.
Mudando que deve ser mudado, o mesmo princípio pode ser usado nas Copas do Mundo de futebol, desde 1950. Nesse ano ninguém duvidava que o campeão seria o Brasil, no Maracanã, o maior do mundo, recém construído. No final quem levou o “caneco” foi o Uruguai.
Em 1954 apareceu uma avassaladora Hungria, com os espetaculares Gyuda Grosics (goleiro), Jozsef Bozsik, Sandor Kosicks, Nandor Hidegkuti e Ferenk Puskas. O jogo final terminou o primeiro com 2 x 0 para o magiares, mas no final a Alemanha (ocidental) venceu por 3 x 2.
Em 58 parecia que a Copa seria da França com Raymond Kopa, Roger Piantoni e Just Fontain, este último fez 13 gols, marca, passados quase 50 anos, ainda não atingida. Do Brasil, eram ainda desconhecidos do grande público, Pelé, Djalma Santos, Didi e sobretudo Mané Garrincha, venceram enfrentando os donos da casa (Suécia) e passando a ser lenda do futebol
A de 1962 representou uma exceção à regra, o Brasil era favorito e venceu no Chile, mesmo sem Pelé (já O Reio do Futebol) contundido.
Na Inglaterra de 1966, certamente as apostas eram no Brasil, os britânicos fizeram o seguinte slogam: “Venham ver O Rei e aproveitem para ver a rainha”. O que aconteceu foi decepcionante, a pior participação do Brasil em uma Copa. Venceu a Inglaterra.
Em 1970, o Brasil chegou ao México meio desacreditado, tivera problemas internos com a mudança de técnico. Favorita era a seleção da Inglaterra com o Gordon Banks (goleiro), Bobby Moore e Boby Charlton. Mas não teve para ninguém, o Brasil venceu com sobras, apresentando para muitos, o que seria a melhor seleção da história do futebol.
Na Alemanha Ocidental em 1974 apareceu o Carrossel Holandês , inventado pelo técnico Rinus Michels e girado por John Neeskens Ruud Krol, Rob Resenbrink e ele, Joahan Cruijffm que alguns desavisados começaram a chamar de Pelé Branco. Ninguém duvidava de sua vitória final, foi levando todos em seu giro mágico: Alemanha Oriental, Argentina de Perfumo, Heredia, Babington e Ayla; o Brasil de Rivelino, Mirandinha e Ademir da Guia; chegando à final para enfrentar os donos da casa: Alemanha Ocidental. Logo no primeiro minuto de jogo o árbitro inglês, John Keith Taylor, com frieza e sem deixar dúvidas marcou um pênalti conta a Alemanha, creio que hoje nenhum tenha a coragem de fazer o mesmo, assim os holandeses saíram na frente, uma vantagem que não era pouca, mas no final perdera de 2 x 1.
A Copa do Mundo da Argentina (1978), passará à história como a “arranjada” pelo presidente da FIFA Jean-Marie Havelange e o general ditador da Argentina Jorge Rafael Videla. Era interessante à propaganda regime uma vitória em casa e assim aconteceu. Na fase final do grupo B, a vaga era disputa pelo Brasil que jogaria contra a Polônia e pela Argentina contra o Peru, os jogos deveriam, para evitar interesses escusos, ser realizados nos mesmo horários, mas a FIFA mudou tudo e a Argentina jogou depois do Brasil sabendo que deveria vencer seu adversário por uma diferença de 5 gols. Venceu, em partida nitidamente “arrumada” por 6 x 0, assim no final de tudo venceram os da casa, mesmo tendo perdido um jogo na primeira fase. O Brasil ficou em terceiro invicto.
Na Copa da Espanha, 1982, o técnico brasileiro Telê Santa, fez a “seleção que encantou o mundo”, um elenco espetacular: Leandro, Edinho, Júnior, Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico, Paulo Isidoro, Dirceu e nem sei mais quem, mas esqueceu de “combinar” com os italianos e de dizer a seus jogadores que no jogo contra estes (fase final grupo C) o empate era suficiente, assim o Brasil perdeu de 3 x 2 e no final a Itália, depois de quase 50 anos tornou a ser campeã vencendo a Alemanha.
Em 1986, no México, o mesmo Telê Santana, preparou-se mais uma vez para encantar o mundo, a seleção tinha a espinha dorsal da anterior com alguns enxertos que só a fariam melhorar, mas foi desclassificado nos pênaltis pela França. O caneco ficou com a Argentina, desta vez por merecimentos apesar do gol de mão feito contra a Inglaterra, pelo cafajeste (sem pleonasmo) Diego Armando Maradona.
Na Copa seguinte disputada na Itália, os favoritos eram a Argentina, o Brasil e a própria Itália. Mas nada disso aconteceu, a Alemanha, com um time renovado pois as grandes estrelas tinham se aposentados, venceu os portenhos por 1 x 0.
A Copa de 1994, foi certamente a mais medíocre da história. Todos poderiam vencê-la. O Brasil, com o também medíocre técnico Carlos Alberto Parreira, que não queria convocar Romário e só o fez durante as eliminatórias, quando pairou o perigo de ser desclassificado venceu, mas com um anti jogo na partida final contra a Itália, que foi decidida nos pênaltis.
Na França, o Brasil chegou como campeão orientado pelo auto nomeado sortudo Zagalo, tinha Roberto Carlos, Aldair, Emerson, Leonardo, Ronaldo, Bebeto e de quebra Edmundo “O Animal”, perdeu de forma inexplicável para França por 3 x 0 na final, um fato que ainda permanece nebuloso.
Em 2002 a grande favorita era a França, mais ou menos com o mesmo time que fora campeão, mas foi logo eliminada sem marcar um gol, a Copa ficou com o Brasil que inicialmente desacreditado, no decorrer do certame mostrou-se deslumbrante.
No próximo dia 9 será jogada a final da Copa de 2006, teve como franco favoritos, Brasil, Alemanha, Espanha e Argentina. Os finalistas Itália e França, tiveram uma primeira fase sofrível. A Itália favorecida nas quartas de final por ter enfrentado o time mais fraco, Ucrânia, ganhou moral ao vencer a super favorita Alemanha. A França, venceu um Brasil sem brilho e foi nitidamente favorecida pela arbitragem na partida contra Portugal.
Os números de todas as copas, sem paixão, dão uma certa vantagem à Itália, que disputou cinco finais vencendo três, portanto tem dois vice e ainda tem um terceiro e um quarto lugar. A França teve somente uma final e venceu, fora isso dois terceiros e um quarto.
Mas estes são apenas números pretéritos e em futebol não contam, caso tivessem importância não seriam necessários os jogos, tudo poderia ser resolvido por matemáticos, numerólogos ou peritos contadores.



Editado por Giulio Sanmartini   às   7/07/2006 03:30:00 PM      |