por João Naves em O Estado de São Paulo Em nota divulgada ontem, o Movimento dos Sem-Terra (MST) disse que "é difícil evitar uma convulsão social ou uma catástrofe" na Fazenda Teijin, em Mato Grosso do Sul, onde cerca de 7 mil sem-terra, armados com foices e facões, aguardam o cumprimento de ordem de despejo dada pela Justiça. Ainda segundo a nota, preparada pela coordenação estadual do movimento e divulgada pela direção nacional, a decisão judicial, confirmada segunda-feira pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), é "fria e desumana". O clima na região é de tensão. Os sem-terra fizeram barreiras com tratores e caminhões. Segundo o superintendente do Incra, Luiz Carlos Bonelli, a reação das famílias é imprevisível. Segundo o coordenador do MST Márcio Bisolli as famílias estão "aterrorizadas" diante da possibilidade de despejo. "O Incra já tinha distribuído os 1.060 terrenos e hoje cada família está na sua terra. Tirar essa gente do local pode ser catastrófico." Como em junho, quando também havia o risco de despejo, as famílias ameaçam soltar cerca de 10 mil bois da fazenda na Rodovia BR-267. A fazenda foi declarada improdutiva em processo que começou em 2000, no governo FHC, e acabou no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O Incra chegou a fazer o assentamento das famílias, mas os donos recorreram, dando início a uma batalha de liminares. O despejo foi determinado pela 3ª Turma do Tribunal Regional Federal, no dia 9 de junho. No dia 21, o STJ suspendeu o despejo; e nesta segunda-feira recuou e acatou a decisão da 3ª Turma. No mesmo despacho, passou para o STF a missão de julgar a liminar do despejo. O Incra está tentando reverter a situação no STJ, o que implica a manutenção da decisão do dia 21 de junho, quando a desocupação da fazenda foi suspensa. Caso consiga, restará aguardar o julgamento do mérito de toda a questão. "O Incra já pagou todo o valor da desapropriação. Não estamos discutindo de quem é a posse, a posse é do Incra", disse Bonelli.
Editado por Giulio Sanmartini às 7/07/2006 11:04:00 AM |
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