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LULA, INDIVÍDUO NÃO GOVERNÁVEL
em O Estado de São Paulo
Cinco toneladas e meia de comida - frango a passarinho, polenta, bolinhos de carne - e quase 4 mil latinhas de cerveja abasteceram os convidados da festa da largada, o jantar de lançamento da candidatura do presidente Lula à reeleição que varou a noite de quinta e se prolongou até as 2 da madrugada de ontem.
Os 3 mil presentes, que pagaram R$ 200 por convite, foram surpreendidos com o tom do discurso de Lula, que bateu pesado na oposição. A estratégia do PT é deixá-lo à margem do embate direto para evitar desgaste à sua imagem. A tarefa de rebater ataques deve ficar com dirigentes do partido. "O que acontece é que o Lula é um ING, indivíduo não-governável", disse um integrante da cúpula petista, em tom de brincadeira.
Também chamaram a atenção da militância que tomou o restaurante São Judas Tadeu, em São Bernardo do Campo, os constantes afagos que Lula fez a Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo. "Aloizio, você tem história, tem competência", declarou o dono da festa. Alguns interpretaram o fato como um recado ao senador Eduardo Suplicy, que subiu ao palanque, mas praticamente foi ignorado pelo presidente, que estava com a mulher, Marisa, e Lurian, sua filha.
Antigos companheiros ouviram-no atentamente e aplaudiram. Outros não interromperam o jantar, do qual Lula não se serviu. Depois do comício, ele deixou o restaurante às pressas porque viajaria para Brasília. Nem chegou a percorrer o salão, como estava previsto. Do palco mesmo, esticava os braços para cumprimentar quem dele conseguia se aproximar, enquanto tocava a marchinha de sua campanha. "Não adianta tentar me calar, nunca ninguém vai abafar a minha voz."
Depois que Lula se foi, antigos companheiros permaneceram na casa, circulando entre as mesas, formando rodinhas animadas. Paulo Okamotto, presidente do Sebrae, feliz com a possibilidade de Lula se reeleger, até falou sobre seu sigilo bancário - que a oposição fez de tudo para quebrar na investigação sobre o empréstimo que fez ao presidente.
Okamotto acredita que a oposição não vai usar o episódio na campanha. "Essa questão do empréstimo está bem esclarecida, eu tinha condições de pagar e paguei com recursos meus. Isso é bobagem. Todo mundo sabe que tenho uma relação histórica com o PT. Assim como a gente briga pela liberdade de imprensa, também temos que brigar pelos nossos direitos individuais. Sou de uma geração que brigou por anistia, liberdade sindical. Não tenho nenhum problema de esclarecer o caso, mas também não posso abrir mão de um direito fundamental."
Próximo do presidente do Sebrae, estava Jorge Mattoso - ex-presidente da Caixa Econômica Federal, que perdeu o posto em meio ao escândalo causado com a quebra do sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, acusador do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
Com o braço esquerdo envolvendo com dificuldade a cintura da senadora Ideli Salvatti (SC), Mattoso evitou falar com os jornalistas, assim como o ex-presidente do PT José Genoino e o mensaleiro Professor Luizinho (SP). "Eu falo depois que eu falar com o Lula", debochou o deputado.
Entre os petistas desfilava Sadic, xeque marroquino que preside o Centro Muçulmano de São Bernardo.



Editado por Giulio Sanmartini   às   7/15/2006 05:20:00 AM      |