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DISTRIBUINDO CULPAS
por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa

Tão logo soube da queda nas pesquisas de opinião, semana passada, Lula tratou de atribuir à imprensa a diminuição da distância dele para Geraldo Alckmin, que, aliás, experimentou breve subida. Novamente, na falta de um culpado claro, o presidente atribui a este ente incômodo chamado meio de comunicação a piora de seu desempenho.
Se Lula não pode reclamar de alguém, é justamenete da imprensa. É sua principal divulgadora, ninguém o badala tanto - para o bem e para o mal, é bom que se diga. Se o presidente deu uma escorregada, deve exclusivamente a ele mesmo, não somente pelos escândalos, mas porque com a proximidade das eleições, certas coisas vão ficando mais claras.
Exceto pela Copa do Mundo, que até sábado anestesiava o Brasil de Norte a Sul - e continuaria pelo menos até o próximo fim de semana, não fosse o fiasco da seleção diante da França -, o Brasil começa a entrar no clima de eleições. Começa o horário eleitoral gratuito, que tem tudo para causar estragos à imagem de Lula. Talvez não a do tamanho que seus adversários gostariam, mas ainda assim prejuízos.
Basta que o presidente lembre que são todos contra ele. De Alckmin a Heloísa Helena, de Cristóvam Buarque a José Maria Eymael. Ainda que, menos o candidato tucano, todos tenham breves minutos para dar seu recado, um deles será o discurso anti-Lula, anti-PT. Já a queda é em parte por conta disso: com os candidatos escolhidos em suas convenções, o discurso contrário ao governo se solidificou.
Acusar também o PT de estar de salto alto, como fez o presidente, também alguma razão. Mas o próprio Lula está andando na ponta dos dedos: o festival de inaugurações, seu discurso para os pobres, percorrer o País de cabo a rabo, tudo isso acima de tudo o mostra como uma figura inalcançável. O faz com a certeza não que tem de administrar até o momento de passar (ou não) a faixa presidencial, mas que quando mais aparecer para o eleitor, mais alardear seus feitos, estará cultivando o voto. E não se poupa, não se esconde. Ao contrário: sai a campo para aparecer mais e mais.
Lula não tem do que reclamar e está sendo injusto. Enquanto aparecia de ponteiro, isolado, nas pesquisas, riu a bandeiras despregadas. Bastou Alckmin pegar um pequeno fôlego e já ficou assustado. E como sempre atribui a outros uma culpa que é só sua.


Editado por Giulio Sanmartini   às   7/04/2006 01:38:00 AM      |