No início dos anos 1960, morei em Rondônia que era Território Federal e que pouco antes ainda chamava-se Guaporé. O viagem do Rio de Janeiro para lá, num DC 3 do Correio Aéreo Nacional, levava dois dias, pelo fato não serem possíveis na região vôos noturnos, fazia-se um pernoite em Cuiabá. A Cida de Porto Velho era pequena e carente de serviços. Luz somente quatro horas por dia; duas pela manhã para encher as caixas d’água e duas à noite para o cinema. Este era o único divertimento, existiam três cinemas e os filmes mudavam todos os dias. Pude ver alguns clássicos, tipo: As quatro Penas Brancas, E o vento levou, Gilda, Casablanca etc. Todavia tinham um detalhe que me intrigava, os cinemas nunca estavam cheios. Quando exibiam as chanchadas da Atlântida com Oscarito, Grande Otelo, Ankito, Zé Trindade, as filas para entrar viravam o quarteirão. Intrigado perguntei o porque desse fenômeno e uma amigo advogado morador há décadas na cidade, me explicou: não havia a necessidade de ler as legendas nos filmes nacionais, assim estes eram os preferido dos analfabetos e daqueles que tinham dificuldade em ler. Hoje leio num colunista que Lula tem uma preferência toda especial por filmes brasileiros, Pois é, tem tudo a ver com o fenômeno de Porto Velho. (G.S.)
Editado por Giulio Sanmartini às 2/13/2007 10:38:00 AM |
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