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A ESTUPRADA É CULPADA
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Ralph J. Hofmann – 25/12/06
Uma hora atrás ouvi a notícia de que a ANAC vai investigar o “overbooking” da TAM. Alega que o congestionamento dos aeroportos foi causado pelo “overbooking”. Não falou nada de inspecionar a Gol. O que? A Gol não faz overbooking? Como sabem?
Os “overbookings” ou seja excesso de reserva para cobrir a eventualidade de não-comparecimento de passageiros são normais nas companhias aéreas ao redor do mundo. Normalmente incomodam mas não muito. O Passageiro rejeitado (se os vôos efetivamente estiverem lotados acaba ganhando algumas mordomias da Companhia Aérea e segue no próximo vôo. Irrita, incomoda, mas é normal.
Um par de vezes na vida cheguei ao aeroporto e sobrei. Uma vez apenas reclamei ao DAC (antecessor da ANAC). Não me quiseram ouvir. Mas a própria companhia aérea, depois que a minha raiva havia se dissipado se encarregou de me dar um tratamento singular. Mas não foi o pessoal normal de balcão que teve sensibilidade. Esses estavam que nem loucos tentando conviver com vôos cancelados, e reacomodar os passageiros de muitos vôos. Isto em 1986.
O problema normalmente representa menos de 3 a 5%. Mas numa crise de infra-estrutura aerovária como a atual as companhias aéreas devem estar tão carentes de pessoas que lidem com passageiros desnorteados quanto o controle aéreo está com falta de controladores. Ou seja o pessoal das companhias aéreas, adequado numa crise normal, na crise atual, completamente fora dos parâmetros, torna-se absolutamente insuficiente, e não há treinamento que suoere 36 horas de crise.
Mas em plena crise, claramente causada ou ao menos dimensionada por fatores acima do controle das companhias aéreas, o Natal, já normalmente período de sobrelotação dos aeroportos. Esta ano virou um inferno.
E no meio desta crise, uma agência do governo, pinça uma única companhia aérea e alega que vai investigar suas práticas. Devemos entender que as outras não fazem overbooking? Não seria mais adequado investigar a indústria como um todo? Não seria mais adequado investigar o desempenho normal dessas empresas? Digamos, quando não estivessem premidas por falhas nos órgãos de controle aeroviário?
Nessa altura a agência aérea parece um estuprador, que confrontado com sua vítima alega que a mesma é a culpada do estupro, pois afinal, estava no local.
Editado por Ralph J. Hofmann às 12/25/2006 05:54:00 PM |
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