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O SEVERINO NOSSO DE TODOS OS DIAS
Por Fausto Faria

A atual legislatura do Congresso Nacional, não se pode negar, patrocinou grandes espetáculos. Considerando a péssima qualidade das apresentações, muitos preferem chamá-las de assaltos espetaculares. Durante quatro anos, esse congresso que aí está conseguiu a proeza de sacudir as platéias em atos apoteóticos, e foram muitos. Graças à engenhosidade do seu plantel, passa para a história como a mais fértil, a mais ousada, a mais descarada, a que foi capaz de romper as barreiras do razoável sem nenhum pejo.
Como qualquer organização de sucesso, em cada momento teve seu líder. Todos Severinos. Todos comprometidos, até a medula, com o bom desempenho da trupe.
João Paulo Severino foi o primeiro. De origem insuspeita e ar de bom moço, até o momento em que mostrou a que veio. Com o patrocínio de outras entidades arquitetou o grande show do Mensalão. Tinha tanta certeza do sucesso que pagou adiantado o cachê dos seus atores mais vistosos. Não esqueceu dos seus próprios emolumentos, afinal, ninguém é de ferro. Tal como previsto, o sucesso foi retumbante. Unanimidade de público e crítica.
Severino, o Cavalcanti, foi o segundo. Sua credencial foi conquistada por ter sido o principal professor dessa escola de formação de escroques. Fez, ao longo da sua vida parlamentar, memoráveis palestras em defesa de suas teses. No posto de regente do espetáculo, foi uma decepção. Tentou aumentar desmesuradamente o cachê do elenco, não conseguiu. Permaneceu, por pouco tempo, batendo algumas carteiras de aleijados. Por fim, foi abandonado pelos seus alunos mais aplicados e saiu pela porta dos fundos.
Vice Severino, também conhecido por Severino, o Breve, dirigiu a casa de espetáculos macabros em época de refluxo. Não teve tempo, nem oportunidade para gestos mais ousados. Porém, agora no seu ocaso, enquanto aguarda a hora de ir embora, engendra Hábeas Corpus preventivo, garantindo aos participantes da temporada mal-sucedida, imunidade eterna.
Para encerrar toda a m..., veio o Aldo Severino, o catatônico. Com voz e gestos de robô tentou passar a imagem de seriedade. No entanto, seguindo rigidamente o script definido desde o início, finaliza a bandalheira de forma majestosa.
Não se julgando capaz de conduzir, sozinho, tão macabro assalto, convocou um regente auxiliar, o Renan Severino. Este com larga experiência em montagem de farsas. Participou ativamente do collorido e fracassado: O Caçador de Marajás. Os dois em perfeita sintonia e contando com o estímulo de muitos coadjuvantes, apresentaram ao respeitável público o Assalto à Bolsa da Viúva.
Não pensem que no fim desta legislatura nosso calvário terá terminado. Os dois últimos já receberam o apoio dos seus seguidores para continuar dirigindo os mesmos espetáculos burlescos. Vamos continuar com nossos Severinos, por todos os dias do resto de nossas vidas.


Editado por Adriana   às   12/24/2006 06:45:00 AM      |