Entrevistas
Arthur Virgílio
Gerson Camata
Júlio Campos
Roberto Romano - 1ª parte
Roberto Romano - 2ª parte
Eluise Dorileo Guedes
Eduardo Mahon
p&p recomenda
Textos recentes
Arquivo p&p
  
2006, UM ANO PARA ESQUECER
Leandro Mazzini faz um elenco dos fatos mais acabrunhantes que marcaram 2006: Ângela Guadagnin e sua obscena dança da pizza, a greve de fome de Anthony Garotinho, a prisão dos “aloprados” do dossiê. Ressaltando que estes fatos são mais lembrados e lamentados de 2006, por cientistas políticos convidados pelo Jornal do Brasil, convidados para elegerem os piores momentos do ano. Pena que eles deixaram de fora a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira, ordenado pelo ex ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
Por Leandro Mazzini, no Jornal do Brasil

Se um filme revivesse a tragédia da política nacional este ano, o script contaria com episódios e personagens de sobra para o desgosto da população. A deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) caiu no descompasso da sua dança da pizza. A greve de fome de Anthony Garotinho engordou a lista de críticas ao político. A prisão dos "aloprados" do PT, no caso do dossiê, ameaçou o partido nas urnas. A absolvição de mensaleiros e sanguessugas, somada ao aumento salarial dos parlamentares, mostrou um Congresso corporativista e pareceu um sarcasmo em tempos que se debate a democracia e a credibilidade dos poderes.
Esses são os fatos políticos mais lembrados - e lamentados - de 2006 por cientistas políticos convidados pelo JB para elegerem os piores momentos do ano. O caso mais constrangedor, na opinião dos especialistas, é o reajuste salarial dos parlamentares, de 90,7%, concedido por eles mesmos.
- O auto-aumento dos congressistas foi o pior momento político. Foi uma brutal manifestação coletiva de desprezo pela opinião pública - comenta o sociólogo e cientista político Geraldo Tadeu, do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social.
O caso foi citado também pelo professor Aluizio Alves Filho, da Universidade Federal do Rio. Escolheu outro episódio não menos escandaloso.
- Vale destacar o escândalo dos sanguessugas e quase no apagar das luzes, os aloprados.
Esses "aloprados", apelido dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos petistas envolvidos na compra do dossiê contra o tucano José Serra, protagonizaram um dos maiores escândalos do PT desde a fundação, mas que não chegaram a ameaçar a reeleição de Lula.
- De certo modo, a reeleição de Lula representou a vitória do seis em relação à meia dúzia - analisa Eurico Figueiredo, da Universidade Federal Fluminense. - No debate, só se discutiu adjetivos. Ficaram de fora as questões estruturais.
Mais constrangedor foi o resultado. Dos 72 políticos suspeitos serem sanguessugas, só quatro foram punidos pela CPI. A maioria dos mensaleiros riu por último. Dos 19 envolvidos, apenas três foram cassados pela Câmara. Quatro renunciaram e 12 foram absolvidos.
- O pior momento foi a absolvição de um número elevado de parlamentares acusados de mensaleiros, alguns réus confessos - lembra Figueiredo. - Estas absolvições lançaram descrédito sobre o Legislativo.
Pior que a a corrupção, cita Luiz Henrique Bahia, da Uerj, é o que sucede o escândalo e se sobrepõe à sensatez:
- As absolvições mostram o corporativismo. O grande problema do Congresso foi isso.


Editado por Giulio Sanmartini   às   12/25/2006 02:50:00 AM      |