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OS ESPECIALISTAS
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Por Adriana Vandoni
A Polícia Federal investiga a gangue do dossiê. O Ministério Público Federal investiga a gangue do dossiê. O Congresso Nacional, através da CPMI das ambulâncias, investiga a gangue do dossiê. Quanto foi que eles avançaram desde o dia 15 de setembro quando houve a prisão dos delinqüentes com malas de dinheiro ilegal e sujo? Milímetros? Talvez o foco esteja errado. Talvez não estejam prestando atenção aos detalhes.
Esta semana assisti aos depoimentos dos integrantes da gangue e apesar de poucos, foram importantes revelações. Ficou claro que o PT montou uma organização criminosa, experiente, muito bem treinada e aparelhada, que atua em células. Coisa de especialistas.
O primeiro a depor foi Valdebran Padilha, sua fala de foi surreal! Hora ele se colocava como comprador, hora como vendedor das informações. Disse que é amigo de Vedoin, mas não é amiiiiiiigo de Vedoin. O conhece há 10 anos, mas são apenas conhecidos que sempre se trataram com respeito. Foi em nome desse respeitoso conhecimento que ele aceitou praticar um crime. Curioso isso! Depois de muito cinismo, Valdebran confessou fazer parte da gangue, mas garantiu que sua participação se resumiu ao acompanhamento e verificação de que o dinheiro estava lá(?), apesar de não saber a origem. Um serviço profissional, técnico! Coisa de especialista!
Já o Expedito Veloso fez as declarações mais interessantes. Disse que Valdebran, movido por vingança, foi o responsável pelo envolvimento da Senadora Serys (PT/MT) no esquema das ambulâncias. E que disse isso ao deputado federal Carlos Abicalil (PT/MT). Chama-me a atenção o companheirismo dos companheiros.
Essa revelação é de extrema importância, mas parece não ter aguçado a curiosidade dos parlamentares. Pelo que Expedito afirmou, muito antes do surgimento do dossiê, Valdebran já decidia quem ia ser envolvido no esquema pelos Vedoins. Outra revelação feita por Expedito foi a de que parte do dinheiro era de responsabilidade de Valdebran. Nesse caso então, essa parte do dinheiro pode ter sido arrecadada em Cuiabá e levada para São Paulo? Quem contribuiu para a caixinha? O interesse era envolver uma petista ou o PSDB?
Insisto na mesma pergunta que faço há meses: quem mandou Valdebran conversar com Luiz Vedoin? Quem era o advogado sem nome a quem ele se referiu logo que foi preso em São Paulo, como o mandante de sua visita aos Vedoins? Meu Deus, quem está por trás de Valdebran?
Expedito assumiu sua participação na organização criminosa, mas sua atuação era “eminentemente técnica”. Segundo ele, seu trabalho se restringia à “análise técnica do valor político dos documentos”. Absolutamente profissional! Coisa de especialista!
Oswaldo Bargas que depôs na quarta-feira, de início disse que não sabia estar envolvido na compra de um dossiê, mas confirmou ser integrante da célula criminosa, segundo ele, comandada por Jorge Lorenzetti para negociar informações com Luiz Vedoin. Porém, seu trabalho era apenas o de contactar uma revista que faria uma entrevista na qual Vedoin envolveria políticos do PSDB. Cabia a ele acompanhar a tal entrevista e garantir que Luiz Vedoin entregasse alguns documentos que seriam “informações importantes a passar ao comitê de Lula”. Desempenho pontual! Coisa de especialista!
Tudo parece nebuloso, menos a existencia de uma organização criminosa da qual fazem parte especialistas. O PT criou uma espécie de “Serviço de Diligências Especiais (SDE)” como o criado pelo General Amaury Kruel nos anos 60, que oficializava a existência de um “esquadrão da morte”. Tudo ilegal e imoralmente oficial. Assim como a organização criminosa do PT, o esquadrão também era composto por homens de confiança e da força de elite da cúpula. Estes homens ficaram conhecidos como “Os homens de ouro”.
Editado por Adriana às 11/23/2006 07:05:00 PM |
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