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PLANO SEM VÔO
Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa

Pode ter sido uma postura extremamente honesta, mas não deixa de ser fraqueza quando o presidente Lula reconhece que não tem a menor idéia de como vai fazer o País crescer. Vale destacar que este foi um dos principais motes da campanha que o reelegeu, que conseguiu suplantar até mesmo o desgaste causado pelos escândalos que corroeram a segunda metade do governo.
Donde se conclui que Lula jamais teve uma agenda de crescimento. O Palácio do Planalto começou a se sentir incomodado com o assunto a partir do momento em que o aumento pífio do PIB em 2005 e as projeções não muito otimistas para este ano entraram na pauta da eleição. O então candidato da oposição Geraldo Alckmin fartou-se de mostrar que, ano passado, o Brasil esteve apenas à frente do Haiti nas Américas. Vergonha que tomou jeito de pecado no discurso do adversário.
Vencedor nas urnas, Lula exige agora um plano a toque de caixa para apresentar à Nação. Reuniu os ministros, pediu-lhes que buscassem alternativas, algo que já deveria estar sendo feito há muito tempo. As propostas de crescimento vêm tendo tratamento de concurso de frases: as melhores se classificam. Quem não apresenta algo, leva um pito e é mandado queimar pestanas em casa.
Crescimento é um processo longo, lento, planejado. Quando Antonio Palocci, então ministro da Fazenda, agradeceu ao FMI e o mandou embora, disse com todas as palavras que o Brasil tinha criado condições para o crescimento sustentado. Expressão, aliás, que é a preferida de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, que em toda entrevista destaca que as bases estão assentadas para o tal "crescimento sustentado".
Perfeito, mas o que vem agora? Lula pelo menos não sabe, tampouco seus ministros, que vêm mostrando propostas que o próprio presidente considera sem ousadia. Naturalmente que a criatividade irresponsável de outras épocas não é solução, mas exaspera a cena de, na reunião ministerial, todos se entreolharem e continuarem no mais constrangido silêncio. Ou então aquela, oferecida semana passada, que aumenta o tempo de aposentadoria para as mulheres, igualando-as aos homens. Sobre esta, Lula, irritado, respondeu assim ao autor da proposta: "Enlouqueceu? Quer acabar como meu governo antes de começar"?
Tempos atrás, o ministro Gilberto Gil (Cultura) admitiu que o presidente, quando ascendeu em 2003, não tinha plano de governo. O mesmo se repete agora: não há plano de crescimento.


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/23/2006 01:57:00 PM      |