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OPÇÕES PETISTAS
Editorial do Globo

O PT saiu das urnas de outubro maior que se imaginava. Menos paulista, porém. E com as vitórias de Jaques Vagner, na Bahia, Marcelo Deda em Sergipe, Ana Júlia no Pará, Wellington Dias no Piauí e a boa imagem do prefeito Fernando Pimentel em Belo Horizonte, ganhou peso a corrente de petistas que preferem um partido menos dependente dos egressos dos tempos em que a estrela da legenda era sinônimo da região do ABC.
É certo que o movimento pela "depaulitização" do partido não existiria, ou não teria vigor, se os escândalos do mensalão e da conspirata do dossiê antitucanos engendrada pelos "meninos aloprados" não tivessem raízes bem fincadas na militância de S.Paulo.
Analisado sob este ângulo, o choque em gestação no partido, o esquema de poder partidário construido pela máquina de ativistas escolados no vale-tudo das lutas sindicais no cinturão industrial de S.Paulo na década de 80, condimentado por heranças stalinistas de quem viveu os embates contra a ditadura militar na clandestinidade.
Vem daí o gosto pela sabotagem nos bastidores da política, ações sem ética justificadas pela suposta nobreza dos fins.
Origina-se desta tendência partidária o avassalador aparelhamento da máquina pública, "privatizada" pela militância para executar, com dinheiro do contribuinte, projetos específicos de poder rejeitados pela sociedade brasileira. O exemplo mais evidente é a infiltração do MST e de organizações similares na estrutura do Incra e do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Na terça feira, graças a um discurso do senador Eduardo Suplicy, do PT de São Paulo, soube-se que a Radiobrás, criticada pelo aparelho petista inscrustrado na máquina pública por não funcionar como veiculo de propaganda do governo. Da tribuna do senado, Suplicy elogiou o presidente da holding de comunicação do Estado, Eugênio Bucci - demissionário, especula-se, por causa da desavença em torno do que deve ser a Radiobrás-, e aproveitou para defender a existencia de instituições públicas -entre ela, este braço estatal decomunicação, o IBGE, escolas, hospitais-, protegidas da influência dos poderosos de ocasião.
Merece aplausos.
Estarão no centro da agenda do congresso do PT duas opções: se a legenda será um partido aberto ao jogo democrático - em que se ganha e se perde - ou se prevalecerá a defesa do vale-tudo para a conquista e manutenção do poder.


Editado por Anônimo   às   11/17/2006 07:54:00 AM      |