Entrevistas
Arthur Virgílio
Gerson Camata
Júlio Campos
Roberto Romano - 1ª parte
Roberto Romano - 2ª parte
Eluise Dorileo Guedes
Eduardo Mahon
p&p recomenda
Textos recentes
Arquivo p&p
  
O REAL COMPLÔ DAS ELITES
Eliane Cantanhede, na FSP


A presidente do Supremo Tribunal Federal quer aumentar o próprio salário para R$ 30 mil e os dos colegas ministros para perto de R$ 26 mil.
Como os salários da principal Corte do país definem os limites de remuneração no serviço público, isso pode acarretar um efeito cascata de boas proporções.
E o Conselho Nacional de Justiça, criado há pouco justamente como um "olhar externo" no excesso de independência da Justiça para fazer o que bem entender, quer dar um jeito de aumentar os seus salários de R$ 23 mil para nada módicos quase R$ 29 mil.
Será que vai ser preciso criar um conselho para vigiar o conselho que vigia a Justiça?
Mas a moda pegou ali na praça dos Três Poderes, onde o Congresso também se assanhou todo querendo aumentos para os parlamentares. Os mais modestos, de 30%. Os mais caras-de-pau, de até 90%.
Ninguém questiona que suas excelências, os deputados e senadores, os ministros do Supremo e o Conselho de Justiça têm gabarito e direito a bons salários. O problema é a comparação. E a oportunidade.
Na mesma semana, enquanto eles pediam mais, o governo discutia menos para quem já tem menos -inclusive menos capacidade de pressão. O futuro salário mínimo está sendo cortado de R$ 375 para R$ 367, e os técnicos trabalham freneticamente para aumentar a idade mínima para aposentadoria.
O que fica é isso: os poderosos querem ganhar R$ 30 mil e, ao mesmo tempo, cortar R$ 8 do salário mínimo. Ao contrário daquele nosso conhecido que sempre ganha, seja na condição de fortão ou de fraquinho, no mundo real, à margem do marketing, o "fortão" pede muito e se dá bem, e o "fraquinho" não pede nada e só se dá mal.
E é esse, afinal, o velho, conhecido e verdadeiro "complô das elites".
Comentário: A Ministra Ellen Gracie foi uma enorme decepção. De onde menos se esperava, veio a omissão -nos muitos casos em andamento a passos de cágado - e até o desprezo pela ética pública. Requerer um reajuste que eleva o teto dos outros Poderes, nos leva a suspeita de cobrança de fatura pós -eleitoral. O Legislativo apenas evidencia o non sense da presidente do STF, ao reivindicar o que é da lei: equiparação em 80% do salário. Onde começou esta confusão? A Ministra Ellen Gracie conhece a lei e dá uma solene banana às consequências de reivindicar aos conselheiros (criaturas de Lula) o jeton por participação nas duas reuniões mensais do Conselho de Justiça.
Quando o STF se mostra venal e completamente insensível à sociedade; quando a presidente do STF dá mostras mercenárias ( e a que preços!!!), podemos desconfiar que Boris Casoy tinha mesmo razão: tá tudo dominado!


Editado por Anônimo   às   11/26/2006 10:01:00 AM      |