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DOSSIÊ: GABEIRA DEFENDE AFASTAMENTO DE IDELI
Na Tribuna da Imprensa

BRASÍLIA - O sub-relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas, deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), defendeu ontem o afastamento da líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), das investigações sobre o escândalo do suposto dossiê contra políticos tucanos.
Gabeira alegou que Ideli "detinha informações especiais", uma vez que participou de uma reunião, em 4 de setembro, com o ex-secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho Osvaldo Bargas e o ex-diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil (BB) Expedito Veloso, na qual eles informaram que os empresários Luiz Antônio e Darci Vedoin escondiam informações sobre a existência de irregularidades na administração tucana no Ministério da Saúde. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) também participou do encontro.
"Estou estranhando essa posição do Gabeira. Parece que ele está querendo inventar a roda", disse a líder do PT no Senado. "Se ele quer discutir suspeição, então, vou levar para a CPI o ofício do delegado Diógenes Curado, que diz que ele selecionou que documentos trazer de Cuiabá para a comissão", reagiu Ideli. "Ele não deveria ter escolhido os documentos. Deveria ter trazido tudo", completou. Ela observou ainda que essa reunião não é nenhuma novidade. "O assunto já era conhecido há mais de um mês."
Gabeira disse que, na reunião de terça-feira da CPI, pretende manifestar o descontentamento com o comportamento da líder do PT. "Ela tinha informações que não passou para a comissão. Ela não pode trair seus amigos, mas também não pode trair a CPI", afirmou.
Segundo Mercadante, Bargas sugeriu, no encontro com ele e Ideli, que o PT usasse a audiência do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, marcada para 5 de setembro, com o objetivo de vincular o governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), o prefeito de Piracicaba, no interior do Estado, Barjas Negri (PSDB), e o empresário Abel Pereira ao esquema sanguessuga. A proposta era pressionar Antônio Vedoin para que ele contasse o que sabia contra tucanos.
Indiciamento
Passados 70 dias da apreensão do R$ 1,7 milhão com petistas no Hotel Íbis, em São Paulo, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas, tem uma certeza: "Se houver algum enquadramento dos envolvidos neste caso, será por crime eleitoral."
Na opinião de Gabeira, o enquadramento dos petistas que tentaram comprar um suposto dossiê contra tucanos pode ser feito mesmo não se descobrindo de onde surgiu o dinheiro. "É possível enquadrá-los por formação de caixa dois."
Na Polícia Federal (PF), há quem admita que, sem descobrir a origem do dinheiro, será difícil indiciar, criminalmente, os envolvidos. O delegado Diógenes Curado, responsável pelas investigações, pretende recorrer a exame pericial com o objetivo de saber se as informações que possui são suficientes para afirmar que parte dos dólares apreendidos saiu da agência de turismo Vicatur, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por meio de "laranjas". Curado entrega à Justiça Federal na segunda-feira um relatório sobre as apurações realizadas.
No relatório, ele mostrará os indícios de envolvimento dos petistas na tentativa de compra do dossiê, a começar pela apreensão do R$ 1,7 milhão. Há ainda os vídeos gravados pelo hotel mostrando o ex-coordenador de Comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) Hamilton Lacerda levando uma bolsa que foi entregue ao advogado Gedimar Passos.
Para a polícia, a mala continha dinheiro. Lacerda diz que carregava boletos de recolhimento de dinheiro para a campanha presidencial de Lula. A versão não se sustentou, pois as lâminas de pagamento não foram encontradas no Íbis, e dois petistas graduados - o deputado Ricardo Berzoini (SP) e Mercadante - afirmaram não ser atribuição do ex-coordenador de Comunicação da campanha para o governo de São Paulo arrecadar verbas de campanhas.
Segundo a PF de Mato Grosso, até mesmo o crime eleitoral poderia ser descaracterizado, bastando que algum candidato assuma na prestação de contas à Justiça Eleitoral o R$ 1,7 milhão como doação para campanha.


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/25/2006 01:01:00 AM      |