Por Pedro Lima - analista político e advogado
Se eu viver mil anos, ainda não perdoarei o ex-presidente Fernando Henrique por ter nos legado, inserido na legislação pátria, mais uma entre tantas imoralidades que o cidadão é obrigado a conviver no dia-a-dia, o instituto da reeleição que, diga-se de passagem, já nasceu com mal de umbigo num processo vergonhoso de compra e venda de votos no Congresso Nacional.
A forma despudorada como o presidente Lula usou e abusou do dinheiro público para vencer no segundo turno comprando governadores, prefeitos, reitores de universidades, usando o dinheiro do contribuinte para distribuir benesses; alertou, assustou as pessoas de bem no sentido de que esta deve ser a última reeleição da história da República. Reeleição é para país sério, organizado, onde a população tem acesso à educação, saúde, segurança, onde haja mercado de trabalho, onde o Estado esteja presente na vida do cidadão. Um país em que a discriminação de receitas, bolo tributário - seja dividido de forma justa entre a União, estados e municípios. Onde prefeitos não necessitem estar sempre de pires nas mãos junto a governadores e presidente e governadores não necessitem vender suas consciências para ficar de bem com o poder central. Um país onde o Estado seja obrigado a pagar o que deve de forma natural e não que detentores de mandatos executivos sejam verdadeiros semideuses que pagam a quem lhes é simpático ou que estejam entrosados no sistema de apadrinhamento ou corrupção. Num país sério a reeleição é um julgamento. No Brasil - dispensável reafirmar que não e um país sério - reeleição é um festival de megamensalão, de pressões e ameaças. Num país onde o orçamento seja impositivo, e as liberações orçamentárias sejam compulsórias. Num país onde haja o império das leis e não o império dos reis. Há momentos em que a gente até duvida da justiça de Deus de tanto ver ladrões terem sucesso. Porém, em outros, a gente acaba acreditando que o castigo chega aqui na terra. No episódio da reeleição do Lula o PSDB bebeu da água em que colocou veneno; pena que tenha sido um discípulo de Covas que sempre foi contra a reeleição que tenha experimentado do veneno que Fernando Henrique deixou. Nós brasileiros temos que nos conscientizar que somos em sua maioria um povo corrupto, ladrão. Portanto, não se pode dar excesso de poder para ninguém. Há que se ter um controle que limite o poder dos poderes. A sociedade organizada tem que pintar a cara e ir para as ruas pedir o fim de duas das maiores imoralidades da nação: imunidade parlamentar e reeleição. Tem que haver também uma reforma política e tributária com o objetivo de dar maior autonomia financeira a estados e municípios e a reforma política para acabar com essa prostituição de partidos de aluguel e mudanças de partidos ao sabor de interesses pessoais nem sempre confessáveis. O nosso dever cívico não se exaure na boca da urna. A quem votou no Lula cabe cobrar como companheiro, à oposição cabe o dever de vigilância, crítica e fiscalização. Chega de adesismo barato. Uma oposição firme e atuante presta um relevante serviço no regime democrático. Como bem disse certa vez o brigadeiro Eduardo Gomes: o preço da liberdade é a eterna vigilância. Não há liberdade sem moralidade. Vamos, pois, moralizar as nossas leis e construir uma nação de verdade.
Editado por Adriana às 11/03/2006 11:27:00 PM |
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