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BANCADA DO PT DECIDE BRIGAR POR CARGOS
Na Tribuna da Imprensa

Deputados afirmam que vão disputar espaço ideológico, político e de governo
BRASÍLIA - Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizar que o PT cederá espaço para outros partidos aliados em seu segundo mandato, a bancada do PT na Câmara reabriu a temporada de fogo amigo e foi firme ao defender maior participação no governo. Em reunião realizada ontem com os atuais deputados e os que foram eleitos em outubro, a bancada deixou claro que não aceitará que o partido fique em segundo plano na divisão de poder no governo de coalizão que Lula pretende montar.
O presidente declarou quarta-feira que o "PT tem o cargo mais importante do governo, que é o de presidente da República" e que isso "já é uma boa representação". Evitando pressionar diretamente Lula, os petistas afirmaram que vão disputar espaço ideológico, político e de governo.
Na reunião da bancada, que durou cerca de quatro horas, os deputados argumentaram que o PT saiu vitorioso das urnas, com o maior número de votos para a Câmara, elegeu cinco governadores e que, portanto, deve ter influência política e nos rumos do governo. Para isso, avaliam os petistas, o partido precisa estar bem representado em cargos no Executivo. "O PT deseja ter um protagonismo estratégico no governo Lula", afirmou o líder do partido na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS).
Apesar de o PMDB ter eleito o maior número de deputados, 89, o PT, que elegeu 83, recebeu 13,989 milhões de votos, 15,01%. O PMDB teve 13,580 milhões, 14,57% do total de votos das eleições para a Câmara. "O PT é quem ganhou a eleição. É claro que o governo de Lula é um governo de coalizão, mas o programa eleito para governar é o do PT. Vamos buscar o espaço de quem ganhou a eleição, tanto na Câmara, no Senado e no ministério", reforçou o deputado Tarcísio Zimmermann (PT-RS).
Fontana classificou de especulação as notícias sobre o número de ministérios que será destinado a cada partido que apoiou a reeleição de Lula. "Não estou preocupado com as contas de somar e de diminuir. Tenho tranqüilidade que o PT terá um protagonismo importante no governo", disse Fontana, completando que o partido confia no presidente Lula para conduzir a composição no Ministério de forma adequada. "Uma formação de ministério não é uma aula de matemática, mas de política", avaliou.
O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), considera que o PT tem todo o direito de discutir políticas de governo e também cargos. "A bancada do PT tem convicção de que o partido faz bem para o País e que, portanto, faz bem para o governo", disse Chinaglia.
Sem pressionar diretamente Lula, os petistas declaram que confiam no presidente e que Lula saberá compor um ministério conciliando os interesses dos aliados. "O PT não pode ter ansiedade e entender que a ocupação do espaço por si só faz o partido crescer, mas também não pode subestimar a qualidade de sua intervenção", afirmou o deputado reeleito e presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini (PT-SP).
A bancada demonstrou a disposição de brigar pela presidência da Câmara. Na reunião, o partido reconheceu o direito de o PMDB como maior bancada reivindicar a presidência, seguindo a tradição, mas, com a segunda maior bancada, o PT está atento ao cargo. Até agora, o nome cogitado para o cargo é de Chinaglia.


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/10/2006 01:51:00 AM      |