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A VITÓRIA DA INDECÊNCIA
Por Antonio Avellar na Tribuna da Imprensa
Era de se imaginar que políticos como Collor de Melo (PRTB-AL), José Sarney (PMDB-AP), Paulo Maluf (PP-SP) e a gangue dos mensaleiros tivessem sido varridos da política nacional, por significarem um atraso para o País e comprometimento com os velhos esquemas políticos, que impedem que a decência seja restaurada, acabando por contaminar até mesmo aquelas células falantes, vistas antes como incorruptíveis, imaculadas e acima de quaisquer suspeitas.
A corrupção é endêmica, tem que ser tratada como uma epidemia, e o combate tem que ser permanente e sem trégua, senão se alastra e vira moléstia comum, com todos achando que é natural conviver com ela, assim como se convive com o jogo do bicho... Exemplo sintomático disso foi uma foto legendada na edição do jornal "O Globo" de 02-10, onde um eleitor da periferia de Brasília pendurou um galhardete no quadro de sua bicicleta, onde se lia: "Ladrão por ladrão, sou mais o Lulão". Bizarra forma essa de se manifestar a favor.
Aliás, a respeito de tão degradante e antiga prática da política nacional, devo lembrar, sem falsa modéstia, que fui o primeiro jornalista a chamar a atenção do presidente Lula para os riscos e malefícios da corrupção. Quando aqui mesmo, neste espaço, um mês antes de cruzar a faixa presidencial ao peito, escrevi um artigo em que concluía que sua maior obra política e administrativa seria chegar ao fim dos seus quatro anos de mandato, sem roubar e nem deixar roubar, porque entendia que aquela era uma das prioridades principais para moralizar o País, tão enxovalhado e aviltado o for, até então.
Um ano depois dessa minha advertência a distância, José Dirceu esbravejava com os primeiros indícios de gatunagens, e vociferava: "Neste governo ninguém rouba e não deixa roubar". Disse quase tudo que eu falei anteriormente, mas aí, já atormentado e flagrado com a postura do seu lugar-tenente, Waldomiro Diniz, que detonou o seu projeto pessoal político de poder, do Dirceu Lá... Assim, como "os meninos" detonaram a reeleição de Lula no primeiro turno.
Quando o presidente afirma de forma peremptória que jamais existiu no Brasil governo melhor que o dele, motivo que no segundo turno vai comparar os seus feitos com os de FHC, achando que o seu foi infinitamente maior, está não apenas se condenando, mas também blefando, uma de suas reveladoras especialidades. Porque é difícil ter existido em tempo algum governos tão parecidos, semelhantes e iguais, tal a verossimilhança em tudo por tudo. Desde o conservadorismo da política econômica, copiado da velha escola do neoliberalismo, às práticas mais vis de compra de parlamentares, os chamados mensaleiros, terminando com suas excelências, "os sanguessugas". É lamentável constatar que pela folha corrida dos parlamentares eleitos para o Congresso Nacional de 2007 que a próxima legislatura começa sob suspeição.
Ou se corta o mal pela raiz, igual se combate uma endemia, e a Justiça Eleitoral tem os meios e é fator decisivo nisso, ou então estamos condenados para sempre a assistir o triunfo das nulidades e das espertezas a ascenderem à carreira política, para desgraça geral deste explorado País. E não mais pelos salteadores de fora, mas agora pelos filhos... da própria Pátria.


Editado por Giulio Sanmartini   às   10/07/2006 05:08:00 AM      |