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TRECHOS DE UMA ENTREVISTA COM CLODOVIL (gente, virei fã)
(são trechos de uma entrevista que recebi de um leitor)

Aos 70 anos, Clodovil não mede as palavras. Suas mudanças repentinas de humor são tão freqüentes quanto os insultos pesados que solta cada vez que ouve o nome de um de seus desafetos (como a ex-prefeita Marta Suplicy, com quem tem uma rixa desde o TV Mulher, a trupe do programa Pânico na TV e a apresentadora Luisa Mell, seus ex-colegas dos tempos de Rede TV!). Na eleição do último domingo 1º, o estilista e apresentador provou ter um talento eleitoral tão grande quanto a facilidade com que coleciona inimigos.
Foi quase meio milhão de votos - 493.951, ou 2,43% dos votos válidos em São Paulo -, número que o colocou como o quarto deputado federal eleito mais votado do País, concorrendo pelo minúsculo PTC (Partido Trabalhista Cristão).
A vitória na eleição ocorre exatamente um ano depois da operação bem-sucedida a que se submeteu para a retirada de um tumor maligno na próstata.
Clodovil?

(Interrompe uma conversa e atende o telefone)
Vai ser um escândalo, meu querido.
O que será um escândalo?
As pessoas estão esperando que eu vá fazer política como televisão. Essa coisa de pensar que alguém pode resolver tudo é uma bobagem de quem foi mal colonizado, como nós. Sozinho ninguém faz nada. Não prometi nada na minha campanha, que foi muito pobrezinha. Basta que você prometa alguma coisa para que a pessoa faça o possível para você não fazer o que prometeu.
Vai soltar a franga em Brasília?
Querido, não tenho mais franga há muito tempo, agora tenho mesmo é uma galinha velha empoleirada.
Seu principal bordão foi "Brasília nunca mais será a mesma"...
(interrompe) Ah, mas não será mesmo.
Por quê?
Vou tentar incutir na cabeça deles que a gente pode ter de tudo, mas que as pessoas não precisam ser privadas de terem também. Esse negócio de ser herói de mendigo, rei de pobre, de que adianta isso? Você ser aplaudido por um mendigo que está na rua morrendo de fome não tem glória nenhuma. Você ser aplaudido por uma pessoa que tem os neurônios no lugar, que comeu, que tem instrução e sabe o que significa o aplauso, esse é o verdadeiro mérito.
Ninguém pode me chamar de burro, de analfabeto.
É isso o que eu quero (para as outras pessoas). Consegui isso sozinho, porque meu pai era um homem humilde, mas me deu um norte na vida. Ele disse: não vou te deixar dinheiro porque não tenho, mas vou te deixar uma coisa que ninguém vai tomar: estudo.
Por que escolheu se candidatar a deputado federal?
Eu escolhi sem pretensão. Podia ter escolhido para governador, porque com certeza eu ganharia até para governador do Estado de São Paulo. Mas eu não tenho experiência, não sou um homem de burocracia, e o parlamento é um lugar onde posso usar aquilo que já exercito, que é a minha fala, a minha palavra. E depois vou me adequar ao sistema.
Não posso fazer parlamento do jeito que faço televisão. Não sou analfabeto, não sou um operário que viveu de fazer nada a vida inteira e que pretende um cargo sem a capacidade dele. A gente não pode ser pretensioso. Pode ser que eu aprenda, me dê bem, e consiga as coisas que eu quero conseguir para as pessoas e para mim, também, claro, porque eu sou uma delas. Pode ser até que eu queira fazer uma carreira – não vai ser tão longa, afinal de contas eu tenho 70 anos.
Quando você citou o "operário", se referia ao presidente Lula?
Claro. Mas não preciso massacrá-lo como Luiz Inácio da Silva. Ele é uma pessoa, merece respeito. Agora no cargo hierárquico mais importante do País, não posso respeitá-lo. Ele sai de uma quadrilha, sai de um Ali Babá e vira Herodes, começa a pagar R$ 80 para crianças nascerem e depois morrerem de fome.
E depois as besteiras que ele disse, comparando-se a Jesus Cristo, a Tiradentes. Ele é um anormal, não pode ser uma pessoa normal.
Acha o presidente Lula anormal?
Acho. Veja bem, querido. Se você colocar como uma frase solta, ele poderá dizer que estou dizendo isso moralmente. É um anormal, digo, no raciocínio.
Ele tem filhos, é um homem supostamente dentro dos padrões, casado, e tal, como é que diz umas bobagens dessas? E sobretudo (Lula) não tem respeito pela vida do semelhante que o colocou lá, que votou nele.
Já votou em Lula?
Eu? Nunca, jamais, tenho horror. Pobreza não é uma vergonha, pobreza de espírito é um crime.
Votou em quem para presidente?
Voto é secreto, querido. Não adianta que não vou te dizer. Mas gostaria muito de votar numa moça chamada Heloísa Helena, se ela não fosse uma facção do PT e não fosse radical. Ela é uma coisa linda, essa menina. Quando extraí o câncer e estava em casa, ela veio me visitar. Essas siglas não valem nada. O que me interessa é a pessoa em si. Para mim você pode ser subversivo, ser o que quiser. Se você presta, presta. Se não presta, não presta.
É a favor do casamento homossexual? Levantará essa bandeira?
Não. Não tenho honra de ser homossexual e nem orgulho gay. Tenho honra de ser quem sou. E só permito esse assunto com Deus. Se você for analisar pelo lado dos direitos das pessoas, tudo bem. Agora essa palhaçada de ir para a igreja de terno branco, isso é o fim do mundo, querido, não existe.
Se encontrar com Marta Suplicy em Brasília, como vai reagir?
Ela estaria em Brasília fazendo o quê?
Passando roupa para fora?
Ela está cotada para assumir um Ministério se Lula for reeleito.
O Lula não será reeleito nem por decreto.
Isso é bobagem.


Editado por Adriana   às   10/05/2006 09:36:00 AM      |