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CIRCO DE CAVALINHOS
Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa
O PMDB não tem compromisso algum, nem com si mesmo. Antes mesmo da cláusula de barreira estar estabelecida, o partido dá o exemplo de como ser uma federação de legendas. Os vários setores que o compõem estão atrelados uns aos outros com um simples objetivo: aproveitar a força do nome para ou chegar ou manter o poder.
Por causa disso é que abriga figuras tão díspares quanto os Garotinhos ou o senador José Sarney. Representantes indisfarçáveis do caciquismo político, jogam em pólos opostos neste segundo turno: o casal vai de Alckmin, o dono do Maranhão conta com Lula para reeleger a filha Roseana - que é do PFL.
A situação do PMDB reflete a fraqueza estrutural dos partidos brasileiros. Claro que isto não é de agora e se confunde com a história de formação deles. Há décadas que fidelidade é algo que queima os pés dos parlamentares. Sem qualquer espécie de barreira para evitar o troca-troca, todos se movem pela conveniência. Por isso é que a decisão do PSOL em afastar quem declarar voto a Lula ou Alckmin parece fascistóide. Ninguém está acostumado à coerência, por mais dura que pareça.
O PMDB mesmo formou a maior bancada da Câmara. Resistirá assim? Naturalmente que não. Depois de decididas as eleições, em favor de quem quer que seja, se verá o festival de partidos inchados com o fermento da proximidade com o poder. No caso de ser Alckmin a chegar lá, tal falta de vergonha estará ainda mais facilitada: são vários os quadros de PSDB e PFL que hoje vestem a camisa do PMDB. Se for Lula, se verá PTB ou PP darem o salto quantitativo.
O presidente falou no meio da campanha em reforma política e convocou até mesmo a oposição a se juntar a ele na proposta de desencavá-la logo agora, no começo de 2007. PSDB e PFL não se comprometeram com o assunto porque, evidentemente, não desejam ceder a quaisquer apelos de Lula. Mas por trás vai a intenção também de deixar tudo como está. Assim como o discurso presidencial vem permeado pelo desinteresse da reforma, pois da maneira atual é mais fácil trabalhar com o Congresso.
Tudo isto para registrar o seguinte: atrelar os partidos à regra da fidelidade é algo que não interessa a ninguém, governo ou oposição. Eis a razão pelas quais se vota nos personagens, não nas legendas. Porque não têm a menor envergadura moral para adotar a seriedade que parte do eleitorado exige.


Editado por Giulio Sanmartini   às   10/05/2006 01:44:00 AM      |