Onofre Ribeiro Medíocre a eleição presidencial de 2006. Tirando o seu papel democrático, ela não contribuiu para a discussão do Brasil. E olhe que esse Brasil tem problemas! Chega-se ao fim da eleição com a esperadíssima vitória do presidente Lula. Algumas conclusões e especulações são inevitáveis: 1 – os institutos de pesquisa nunca tiveram tanta força como nesta eleição. Eles balisaram os eleitores nos dois turnos; 2- a mídia esteve sob forte questionamento pelos erros, pelos acertos, pela parcialidade em certos casos e pela omissão em outros. Foi importante, mas não esteve à altura da empreitada política; 3 – os partidos políticos foram omissos, infantis e descompromissados com a sociedade;
4 – os candidatos mostraram-se muito maquiados para a mídia eletrônica na aparência pessoal e na caracterização do seu discurso aparente; 5 – a justiça eleitoral cumpriu um bom papel, muito melhor do que em eleições anteriores. Pode se dizer que a justiça eleitoral perdeu o medo dos candidatos; 6 – a oposição mostrou-se infantil e desgarrada da realidade social brasileira. Não conseguiu em nenhum momento articular um discurso. Pode se dizer que fez oposição pela oposição, sem cenários de realidade; 7 – o presidente da República, candidato à reeleição limitou-se a fazer o rescaldo de seu governo numa linguagem de excelente qualidade, mas de conteúdo pobre e distante da realidade. Como a oposição não foi capaz de provocá-lo a descer do palanque de 2002 e do salto alto de 2006, tudo ficou do jeito que ele quis; 8 – a sociedade não reagiu diante de tudo o que aconteceu no período eleitoral. E olhe que aconteceram coisas. Mas não se importou com escândalos. Votou nos dois turnos pela busca de uma esperança de futuro. No final, votou por exclusão, seguindo o raciocínio de que é melhor manter o que se conhece do que trocar pelo que não se conhece. Afinal, os riscos são enormes; 9 – não houve discurso de estadistas. Em nenhum momento. Lula falou da sua administração submetida ao filtro cor-de-rosa do sucesso por ele vendido à sociedade. Alckmin, provincianamente, resumiu-se a São Paulo; 10 – os debates nas emissoras de televisão limitaram-se ao jogo de cena entre os candidatos. Bem maquiados, bem posicionados para os telespectadores e de olho na fala bem articulada. Mediram-se pela reação da platéia dos auditórios. Os debates não foram debates. Foram encenação político-televisiva; 11 – sendo assim, a partir de amanhã, o eleito disputará o terceiro turno da eleição através o enfrentamento com as oposições, com o Congresso Nacional, com a economia, com a gestão do Estado brasileiro e com a realidade que a eleição ignorou. Muito, muito pior do que os dois turnos eleitorais, o terceiro turno pós-eleições, será o que de fato contará!
Editado por Giulio Sanmartini às 10/29/2006 01:45:00 AM |
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