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REELEIÇÃO NA ZONA DE RISCO. CUIDADO! O PT PRECISA DE UM FATO NOVO
Por Reinaldo Azevedo em seu Blog
No artigo “Como e por que Alckmin venceu”, faço a análise do debate. Vejam lá, postado às 2h57 da madruga...( http://www.reinaldoazevedo.com.br/) Enquanto o confronto acontecia, fiz comentários praticamente em tempo real. Está numa linguagem um tanto telegráfica, mas dá a temperatura do encontro. Vamos aqui antever uma coisa certa: se Lula tivesse arrasado, os petistas estariam soltando rojões. Como foi massacrado, vão dizer que debate não ganha eleição e não tem importância.
Olhem, em si, é claro que um debate não define uma eleição. O que importa é o seu desdobramento, é o que passa a ser comentado, é a onda de notícias e comentários que gera. Quanto tempo vai demorar para que os melhores e os piores momentos de cada um estejam no YouTube? Na era da economia da informação, em que o Brasil está bem adiantado graças às privatizações que o PT tanto lastima, importa menos a audiência do debate do que os seus resíduos, que logo viram uma avalanche. Mas que se observe: o Ibope foi excelente. Pico de 20 pontos, com média de 14.
Fiz o que não costumo. Entrei em alguns sites “deles”. Há desespero e consternação. Uns bobinhos ainda tentam dizer que Lula venceu, como se isso mudasse o fato objetivo. Perdeu. Às 7h10 desta segunda, 154.918 pessoas votaram na enquete do Uol. A pergunta não poderia ser mais objetiva: “Quem venceu o debate dos presidenciáveis da Band?” Está 59,06% para Alckmin contra 40,94% para Lula. Daqui a algumas horas, talvez esse indicador já não valha nada. O PT mobilizará a sua rede para tentar inverter o resultado.
É claro que não haverá mais uma performance como a da noite passada. Até porque, convenha-se, Alckmin não pode melhorar. O desempenho foi impecável. Lula, claro, tem muito a fazer. De todo modo, o tucano ainda não gastou toda a munição. Em alguns momentos, cheguei a ficar um tanto inquieto. Quando Lula falou do PCC em São Paulo, o ex-governador poderia ter lembrado que ao menos um petista ligado à sua coordenadora de campanha, Marta Suplicy, teve a prisão pedida, acusado de vínculo com o grupo criminoso. Isso é fato. Não é invenção ou questão de gosto.A campanha que recomeça nesta semana será outra. O PT vai partir para o ataque. Está ferido. Está com medo. Está furioso.
Será essa a percepção do grande eleitorado? Nunca dá para saber. A fortaleza eleitoral de Lula está nos que ganham até dois salários mínimos e estão fora da PEA (População Economicamente Ativa). Isso quer dizer que é, em grande parte, gente dependente da caridade oficial, beneficiária de programas assistencialistas. Junto com a carência, vem também a ignorância. O PT, como mostram as eleições do dia 29, tornou-se um partido dos grotões. O próprio presidente demonstrou que não tem receio de aderir ao terrorismo eleitoral: admitiu que andou afirmando que Alckmin pretende privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil e os Correios, o que é mentira. E Alckmin chamou a coisa pelo nome. Essas três semanas serão marcadas pela guerra de guerrilha do boato.
E pensar nas toneladas de texto que se escreveram dizendo que esta eleição seria aborrecidamente igual à de 1998... FHC nunca disse a frase “Esqueçam o que eu escrevi”. Mas certo jornalismo poderia adotá-la como divisa, não é mesmo?
Vamos ver o que acontece com o reinício do horário eleitoral e o que indicam as pesquisas. Não sei, não. Começo a achar que a melhor coisa para o PT é que se divulgue logo quem financiou a tentativa de golpe eleitoral, consubstanciada no dossiê fajuto. Até quando Alckmin puder perguntar a Lula “de onde veio o dinheiro?”, o candidato do PT estará acuado. Mesmo que venha a ser reeleito, o então presidente estará com uma faca no pescoço.
Por isso Lula saiu da TV Bandeirantes bufando de ódio. É compreensível. Qualquer um, no lugar dele, faria o mesmo. Tanto pior para quem não suporta ser contestado. Lula tem um temperamento autocrático, traço de caráter que muita gente ignora. Ter sido submetido àquela saraivada na noite de ontem o deixou muito irritado. Tentou, como última saída, atribuir a Alckmin um “nervosismo” que, obviamente, não existia. Quando não estava fazendo picadinho de Lula, o ex-governador parecia estar orando num convento. Chegava a hora de falar, e lá ia Lula para a fogueira, purgar os seus pecado, hehe.
A reeleição, que quase foi conquistada no domingo retrasado, entrou numa zona de risco. E o PT sabe disso. Precisa, desesperadamente, criar um fato novo. Todo cuidado é pouco.


Editado por Giulio Sanmartini   às   10/09/2006 07:57:00 AM      |