Entrevistas
Arthur Virgílio
Gerson Camata
Júlio Campos
Roberto Romano - 1ª parte
Roberto Romano - 2ª parte
Eluise Dorileo Guedes
Eduardo Mahon
p&p recomenda
Textos recentes
Arquivo p&p
  
A questão é de tom
Por Laurence Bittencourt Leite, jornalista

Dos que eu conheço, eu fui o único não lulista a não pensar que o debate da Bandeirante foi consagrador para Alckmin. É minha opinião e já externei isso em outros canais de comunicação, de que até a metade do segundo bloco, Alckmin foi perfeito, e se mantivesse o estilo iria nocautear Lula. Mas acho eu que por excesso de confiança partiu para o ataque inócuo de chamar Lula de mentiroso. Lula é mentiroso, mas isso não devia ter sido dito diretamente. Até porque basta mostrar as incongruências do adversário para ficar claro que ele está mentindo sem precisar correr o risco de se desgastar e ser chamado de prepotente, coisa que Alckmin não é, mas que a percepção do eleitor pode não concordar.
Ora, foi exatamente quando Alckmin partiu para esse ataque direto, que Lula cresceu. Isso, claro, na minha avaliação. E mais ainda: passou a dizer com ironia que Alckmin estava nervoso, que ele não precisava ficar agressivo. Ou seja, através de “conselhos” dos marketeiros, Lula se aproveitou e se fez de vítima. Foi ai que ele cresceu, e, acho eu, Alckmin não soube utilizar um contra-ataque que pudesse neutralizar ou contrapor a acusação de Lula. Na verdade, se fazer de vitima tem sido o grande trunfo de Lula.
Sei que muitos irão dizer que quando não batia duro, Alckmin não crescia, e quando bateu mais duro, perdeu. A questão a meu ver, e nisso César Maia foi, do meu conhecimento, o único a dizer algo parecido com que estou falando, não é deixar de bater no adversário, mas o tom certo do bater. Um grau além do correto, pode levar o adversário a ser fazer de vitima. Tanto é verdade, que uma empregada de um amigo meu, após o debate disse: esse Alckmin é muito prepotente, ele quer humilhar o presidente.
Diante desse quadro pitado, significa que Lula ganhou a eleição? Não. Muito ao contrário. Mas irá exigir um redobrar de esforços de Alckmin para voltar a crescer. A estratégia de Lula será de bater ou comparar e se fazer de vítima. Nós brasileiros gostamos do “coitadinho”, daquele que se faz de vitima. Vamos acompanhar os próximos passos da campanha. De qualquer forma, foi interessante perceber que César Maia disse que o crescimento de Lula se deveu aos eleitores de Heloisa Helena terem migrados para Lula, em especial depois das fotos de Alckmin com Garotinho. Bom, mas vamos em frente. Ainda tem muito chão, mas exigir atenção redobrada de Alckmin. E penso eu que o que pode mais uma vez levar Alckmin a vitória, será o sul e o sudeste.


Editado por Adriana   às   10/12/2006 10:07:00 PM      |