Por Glauco Fonseca no site de Diego Casagrande
Não agüento mais o embate eleitoral por vários motivos. O principal é que o maldito fruto do ventre dos ilustres marqueteiros eleitorais é o famoso “candidato cagão”. Candidato cagão é aquele que entra na eleição com muito mais medo de perder do que com vontade de ganhar. Candidato cagão é aquele que fica com medo de indignar-se, com medo de dizer verdades, com medo de perguntar e com medo de responder. Candidato cagão não é aquele que não vai a debate. É aquele que, indo ao debate, se torna um misógino parametrizado por grupelhos de pesquisa em tempo real, que acaba mudando de foco diante, não de suas crenças, mas pelo receio de perder, dele e de seus assessores. Quero candidato que não tenha medo de perder! Quero candidato com candura na hora certa e efervescência na hora mais certa ainda. Que entre rachando, disputando a bola sem medo de se lesionar. Que desafie as métricas estatísticas sem medo de ser feliz ou infeliz.
Quero que o sujeito que vá me representar seja macho – ou fêmea – de verdade. Que não tenha medo, diante de uma mentira, de chamar o interlocutor de mentiroso. Quero um candidato que olhe no olho do oponente e pergunte as mais constrangedoras perguntas possíveis. E como eu não sou eleitor cagão, quero saber de onde veio o dinheiro para pagar o dossiê. Quero saber como vai a vida de Stival sem a mão (será que amputou depois que descobriu que recebeu dinheiro do valerioduto?), se o PT pretende novamente encampar empresa de ônibus, se os bicheiros voltarão a “incentivar” os empreendimentos da “frente popular”. Como não sou telespectador cagão, quero ver debates acirrados, indignados, inflamados. Quero que alguém me defenda de mensaleiros, sanguessugas, vampiros e petistas. Quero poder ouvir declarações corajosas, idéias polêmicas serem defendidas, alternativas heterodoxas serem expostas (pois que as ortodoxas já se esgotaram). Como ouvinte e leitor que não é cagão, quero ouvir o Paulo Afonso Feijó dizer o que muita gente não quer ouvir, defendendo o direito dele de falar e o meu de discordar ou não. Quero imprensa livre, mas imparcial. Quem mudar o tom e amedrontar-se, perderá o meu voto (que será anulado e jamais “aplicado” em organizações criminosas). Se meus candidatos aceitarem impropérios de desonestos e perdedores, apequenarem-se diante das falácias, de argumentos modorrentos e improváveis, então, também perderão o meu voto. Chega de candidato que tem medo de perder. Se tem medo, que seja, pois, derrotado. Quero governantes que jamais voltem a confundir falta de ética com desonestidade, que jamais voltem a “confundir” o público com o partidário, que jamais pensem que tudo podem, pois não podem. Chega
Editado por Adriana às 10/12/2006 04:17:00 PM |
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