(Sobre as eleições em Mato Grosso)
Por Fausto Faria
Em toda eleição, oficializado o resultado, as “surpresas” aparecem. Candidatos, previamente eleitos, decepcionam. Outros, que nunca apareceram nas listas dos vitoriosos, surpreendem e arrancam votação inesperada. A última eleição não foi diferente. Na escolha dos deputados estaduais tivemos surpresas em vários sentidos. Roberto França, tido e havido como candidato bom de voto, amargou uma retumbante derrota. Em Cuiabá, onde foi prefeito por oito anos, conseguiu irrisórios 9.048 votos, menos da metade que o seu “companheiro” de partido Sérgio Ricardo (22.582). No total França chegou a minguados 19.521 votos, tendo que se contentar com a 2ª suplência. Na seara do PPS, Jesur Cassol, ex-prefeito festejado de Campo Novo, também teve votação pífia: 12.750 votos.
Em Rondonópolis, alguns números finais também merecem ser analisados. Entre os candidatos apontados com chances “reais” de eleição, J Barreto (10.485) e Sebastião Resende (6.817) tiveram desempenhos dentro do esperado. Quanto a Zé do Pátio e Percival Muniz o placar definitivo não retratou, nem de longe, o estardalhaço das duas campanhas. Percival adotou o estilo trator. Espalhou cartazes por todos os cantos da cidade, distribuiu carros de som vistosos e em quantidade de fazer inveja até ao seu candidato a governador. Manteve, provavelmente remunerado, um verdadeiro exército de cabos eleitorais que “varreu” todos os bairros e vilas da cidade. De seu lado, Zé Carlos do Pátio mostrou-se mais discreto, mais comedido. No visual e na “animação” sua campanha foi muito menos vistosa do que a de Percival. No entanto, o eleitor reagiu inversamente ao barulho que ambos proporcionaram. Ao final, Percival (17.419) mesmo tendo sido prefeito da cidade por seis anos e, como ele dizia, “muito bem avaliado”, chegou a dois terços dos votos de Zé do Pátio (25.835). Não é fácil explicar com exatidão a decisão dos eleitores. Pode-se dizer que os votos do Zé Carlos (PMDB) foram votos partidários. Mas esse argumento não explica tudo. Se assim o fosse, Carlos Bezerra, candidato a deputado federal do mesmo partido, teria muito mais que os 13.322 votos conquistados. Deve haver outras explicações para o número de votos desses dois candidatos a deputado estadual em Rondonópolis. Alguns argumentam que o eleitor se manifestou mostrando sua discordância com os métodos utilizados na eleição municipal de 2004. Aquele pleito foi vencido pelo candidato apoiado por Percival que, segundo se comenta, usou e abusou de práticas pouco recomendáveis para atingir seus objetivos. Outros afirmam que o resultado alcançado por Zé do Pátio, agora, é um prêmio à sua coerência. Como se vê, muitas teses tentam entender, sem conseguir, o comportamento do eleitor. Talvez, a verdade seja a somatória de todas elas.
Editado por Adriana às 10/12/2006 07:03:00 PM |
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