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Exercendo meu lado "Reinalda Azevedo" ou "Josias torce tudo"
Leio no blog de Josias de Souza um texto que me deixa espantada. Diz ele, a certa altura:

PT e PSDB, as duas legendas que enxergam no horizonte a perspectiva de poder, precisam levar a mão à consciência. O discurso aguerrido, próprio de toda campanha, está a um passo de ultrapassar a fronteira que leva à retórica insana. O país não merece que os dois frutos mais viçosos que sua democracia foi capaz de cultivar entreguem-se agora a um flerte irresponsável com a ruptura institucional. (...)Mas as últimas semanas demonstram que o Brasil, embora já não tenha mais militares dispostos a extravagâncias, ainda não se livrou dos acessos de histeria política. Foram-se as aventuras fardadas, mas remanesce a idéia de “derrubar”, de “inviabilizar” governos legitimamente eleitos. (...)O eleitor está na bica de engolir a tese do “não sabia”. Paciência. É do jogo. O PSDB tem em seus quadros dois dos mais vistosos presidenciáveis de 2010: Serra e Aécio. Se insistir em jogar lenha na fogueira da histeria pós-eleitoral, o tucanato compromete o próprio futuro. Aviva um fogo que amanhã pode queimar os seus. Há denúncias apresentadas e investigações em curso. O STF e o TSE acompanham tudo. Para encrencas assim, não há melhor remédio do que o bom funcionamento das instituições. Deixe-se que as leis funcionem.

Tenho que discordar de Josias e de outros jornalistas que vêem ameaças no simples cumprimento da lei. Não, senhores, não se pode brandir as "ameaças as instituições" para evitar fazer com que a ordem e a lei prevaleçam no Brasil. Ameaça haverá, sim, caso as inúmeras investigações em andamento não sigam adiante e nem cheguem aos culpados. Aí, sim, seria um golpe nas instituições. Calar-se , como sugere o articulista, é omitir-se e compactuar com os malfeitos. É um duro golpe na moralidade, na ética, na verdade do povo brasileiro. Isso sem falar na solene "banana" que estará se dando ao Código Penal Brasileiro.
Diz Josias que Lula está quase eleito pelo povo que - palavras dele - "engolirá" suas mentiras e falcatruas e que, "paciência, é do jogo"; restaria à oposição articular-se para 2010. Errado. Não é do jogo. O jogo é o jogo democrático, o respeito às leis, a manutenção das regras que norteiam o comportamento de uma sociedade. Tais regras não permitem, por exemplo, à turba linchar um criminoso, por maior que seja a vontade do povo de fazer a justiça com suas próprias mãos, e obriga que as instituições a cumprirem o seu papel no processo. Da mesma forma, também neste caso a "vontade do povo" de "engolir Lula" não pode prevalecer sobre as leis. Se assim fosse, vicejaria a barbárie e a anarquia. O povo deve sim ser esclarecido exaustivamente de que existe um código de comportamento e ética que tem que ser seguido, sob a pena de pagar pela sua não observância, seja o transgressor um lixeiro ou um presidente. Que se persevere nas investigações. Que se puna exemplarmente. Não podemos aceitar a Justiça relativa, nem a moral relativa. Se for assim, então rasgue-se a Constituição.
Quanto a "legitimidade do governo eleito", afirmo que a legitimidade pressupõe legalidade, por acepção da palavra. Um governo que se elege com o uso do ilícito e de mentira, não pode ser legitimo.
Ao Josias, eu diria: racionalidade é bom e eu gosto.


Editado por Anônimo   às   10/22/2006 08:17:00 AM      |