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CARTÕES PARA OS ÍNDIOS
Comentário de Prosa & Política ao artigo de Miriam Leitão (O Globo).
A colunista informa que a Cia. Vale do Rio Doce, vai parar as exportações de minério de ferra no porto do Maranhão. Se a FUNAI desse aos Xicrim cartões corporativos, como tem presidente da República e seus agregados, as dívidas dos índios deixariam de ser discutíveis e a Vale continuaria sua exportação de minério de ferro. Segue artigo na íntegra:
“A Vale está dizendo que em algumas horas deixará de ter estoque de minério de ferro no porto e terá que suspender a exportação do produto, por causa da ocupação da sua sede em Carajás pelos indios Xicrin. Como os indios estão impedindo que os funcionários da Vale entrem em Carajás para trabalhar, a produção está parada e hoje está acabando o estoque em São Luis do Maranhão para encher os navios. O Brasil parou de produzir 250 mil toneladas por dia.
Conversei a pouco com dois diretores: Gabriel Stoliar, diretor executivo de Planejamento, e Mauricio Reis, diretor de Meio Ambiente. Eles dão a versão da empresa: dizem que não estão na área indígena, mas sim numa área contígua a 70 km das aldeias Xicrin; que não exercem nenhum impacto no território desses índios, não passam com estrada nem fazem qualquer exploração por lá, e que apesar de não deverem qualquer compensação a eles, contribui com R$ 9 milhões por ano para eles.
-O problema é que eles querem negociar conosco e não com a Funai e nós não queremos substituir o estado. A autoridade para negociar com eles é a Funai. Eles não estão respeitando o estado de direito, ao se recusar a cumprir o mandado judicial de desocupação da área. Eles estão exercendo uma pressão ilegítima sobre a companhia – diz Gabriel Stoliar.
-A repetição é que preocupa. Eles estão repetindo esse tipo de operação que deixa a empresa refém. Estão pressionando a empresa naquilo que é dever do estado. Quem deve cuidar de índio é a Funai – diz Mauricio Reis.
Os indios estão pedindo que a Vale construa casas e estradas e querem que a empresa pague as dívidas que eles contraíram em Marabá.
-Algumas dessas dívidas são bem discutíveis. Uma delas é em postos de gasolina mostrando o consumo de dezoito mil litros de combustíveis em dois dias. A dívida total no comércio local chega a R$ 1 milhão – diz Mauricio Reis.
A pressão dos índios ocorre no pior momento para a Vale. Ela está encerrando a negociação para a compra da Inco no Canadá. Eles temem que as notícias cheguem distorcidas ao público externo."


Editado por Giulio Sanmartini   às   10/19/2006 01:02:00 PM      |