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OS NEOCONSERVADORES
OS NEO-CONSERVADORES

Ralph J. Hofmann – 15/09/06

Entre os 16 e 18 anos tive a distinção de, entre outras coisas, ser chamado de reaça por colegas meus.

Não eram campesinos do Francisco Julião. Não eram aquelas figuras que o pessoal do exército nos mostrava de peões mexicanos pisoteando as Américas com um machete pingando com o sangue dos inocentes.

Na maioria eram tenros e sentimentais congregados marianos preocupados com a condição humana. Alguns depois, na capital, na faculdade, se tornaram esquerdistas militantes, trotskistas e outros "istas". Na maioria passaram a se preocupar com seus estudos e formados fazem o bem quando podem. Normal. Outros enriqueceram e são francamente cultores do próprio umbigo.

Mas na época eu cheguei a ser o inimigo público número um. Nem paravam para ouvir o que eu tinha a dizer. Achavam absurdos meus relatos do absoluto insucesso dos países da cortina de ferro.
E eu. Era o reaça por que? Porque tendo uma visão do que tanto o nazismo quanto o comunismo haviam feito no mundo em que vivíamos, os equacionava com os mesmos idiotas que entregaram a Alemanha a Hitler, e a Polônia e Checoslováquia a Stalin.

Via o marasmo em que viviam as pessoas na Inglaterra, onde via parentes arregimentados por um socialismo que matava o empreendedorismo. Excesso de regulamentos, alocação central de recursos, o estado é que sabe... Na Inglaterra ainda havia racionamento de alimentos e limitação de divisas para viajar em 1962, ou seja 17 anos após a Segunda Guerra Mundial. O valor relativo do que podiam levar de divisas faz os mil dólares per capita/viagem do Delfim e do Simonsen parecerem lautos. Uma estagnação só.

Enfim, os anos passaram, chegou Thatcher, a Inglaterra se tornou economicamente dinâmica novamente. Outros países europeus, em que o socialismo fora algo menos centralizante também abandonaram tudo menos a aparência do socialismo. Não concordam sequer no tipo de socialismo que lhes servirá melhor.

Admitiram tacitamente que para criar riqueza você tem de levar vantagem. Se for para ganhar o mesmo que o Zé ganha vou fazer só o que o Zé faz.

E os artistas e escritores que comparecem ao programa do Jô Soares e sempre dizem: “Você sabe Jô, naturalmente eu sou de esquerda... “ ainda não se acordaram. São as ovelhinhas tangidas ao curral para serem tosadas. Se tornaram conservadores dentro de seu esquerdismo.

Se você quiser ser de vanguarda admita. Afora o sexo, a mola mestra, o que faz o homem progredir, é o lucro. Quem quiser o socialismo está perdido nas névoas do início do Século Vinte.

Sinceramente, neste momento só tenho uma crítica real ao Fernando Henrique Cardoso.

Poderia declarar claramente que abjurou a heresia socialista. Aí terá dado o primeiro passo para que todos admitam que por m ais que cantem os méritos de ser da esquerda sabem que ela só trará sangue suor e lágrimas seguido de mais sangue suor e lágrimas.




Editado por Ralph J. Hofmann   às   9/15/2006 06:05:00 PM      |