Por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa As oposições querem melar a eleição, mas quem fez a lambança foi o PT. Essa é a conclusão a tirar do diagnóstico do presidente Lula a respeito do mais recente escândalo envolvendo líderes e funcionários de seu partido e do comando de campanha da reeleição. A pergunta que se faz é se desse novo capítulo da novela de horror sairão conseqüências eleitorais, ou seja, se a vitória de Lula no primeiro turno ficará ameaçada por segunda votação. Até agora, a resposta é negativa, ainda que a pesquisa mais recente, da Datafolha, tenha sido realizada antes da revelação do nome dos principais personagens da nova trapalhada. Por enquanto, nem respingos atingiam a candidatura Lula. As farpas lançadas contra ele batiam e voltavam, sem causar danos. O problema é que agora são petardos a explodir dentro do Palácio do Planalto.
Estará o povão responsável pelos belos prognósticos de reeleição tomando conhecimento de tudo? E, se tiver, continuará acreditando que apesar de pretenso beneficiário da frustrada venda de um dossiê, Lula foi enganado, não sabia de nada? Mas ignorando o que acontece à sua volta, não será pior, já que envolvidos estão funcionários de sua convivência permanente? Faltam nove dias. As últimas pesquisas serão divulgadas semana que vem. Se empurrada para o segundo turno, a disputa poderá assustar e surpreender. Em especial porque ninguém garante que novos escândalos sejam revelados. Institucionalizando a crise Exprime alguns graus a mais na temperatura política a abertura de investigação, pelo Tribunal Superior Eleitoral, para apurar se Lula cometeu crime eleitoral no caso da compra do dossiê sobre José Serra. Trata-se da institucionalização da crise, com efeitos capazes de desdobrar-se após as eleições e até ameaçando entrar pelo segundo mandato, na hipótese da reeleição. Uma vez iniciada, como já foi, a investigação não pode ser interrompida sem o cumprimento de diversas etapas. Já foram notificados para defender-se o presidente Lula e outros personagens, como o ministro Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, e o presidente do PT, Ricardo Berzoini. Mesmo reeleito, diplomado, empossado e continuando a governar, o presidente Lula terá, sobre sua cabeça, uma espécie de espada de Dâmocles. Nada bom para o início de uma nova etapa econômica, política e administrativa.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/22/2006 01:15:00 AM |
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