Por Fausto Faria
Todos sabemos que algumas doenças têm o poder de se propagar, contaminando várias pessoas de uma comunidade. Algumas vezes, na história da humanidade, ocorreram epidemias devastadoras, vitimando milhões em todos os continentes. Verdadeiras calamidades. Os cientistas conhecem, com razoável precisão, as características dessas epidemias. São, na maioria das vezes, provocadas por vírus. Bactérias também podem ser a causa, porém são menos freqüentes. Até nossos dias, nunca foi descrita uma doença contagiosa sem um agente, sem a presença de um desses dois contaminantes.
No entanto, parece que a ciência terá de debruçar-se em extensas pesquisas para explicar a mais recente epidemia que se abateu sobre o presidente Lula e importantes lideranças do PT em vários escalões. Há algum tempo essas personalidades vêm apresentando manifestações absolutamente iguais: todos alegam que “não sabem de nada”, que “não viram nada”. O quadro cínico, ops!, quero dizer, clínico, é o mesmo que se observa nos doentes portadores de amnésia, encaixa-se perfeitamente. Os sintomas mais evidentes surgiram no episódio Waldomiro Diniz. À época, o ex-todo-poderoso Zé Dirceu e os que receberam dinheiro ilícito em suas campanhas, não sabiam de nada. Esse caso culminou com o próprio Waldomiro pedindo para deixar o governo, por não mais agüentar trabalhar com gente tão atrapalhada. Na seqüência, apareceu o Mensalão. Nesse caso, ficou evidente que outras pessoas do governo e do PT tinham sido contaminadas (você deve lembrar do funcionário dos Correios, Maurício Marin, embolsando uma “complementação salarial” de R$ 3.000). O Zé Genoíno e outros mais apresentaram a mesma sintomalogia: “não sei de nada”. Poucos dias depois, o próprio Presidente da República foi contaminado e repetiu à exaustão que não tinha conhecimento dos fatos. A contaminação continuou expandindo-se e atingiu outras “vítimas”, mas a doença não abandonou os que já haviam sido acometidos. O mais recente surto de agudização da moléstia foi verificado no escândalo das Sanguessugas, complicado pela Síndrome do Dossiê. Essa nova recaída de desconhecimento afetou outras figuras, além de tornar mais evidentes os sintomas naqueles que já padeciam do mal. Agora, o Berzoini foi severamente infectado. Não menos grave é o caso do Senador Mercadante. Ambos, aparentando absoluta inocência, declararam “não saber de nada”. Como já foi possível perceber, os primeiros contaminados, continuam com sintomas agudos, como é o caso do presidente Lula. Pelo que se vê, a continuar essa epidemia, e nada aponta para o arrefecimento da doença, os cientistas terão pela frente a oportunidade de descobrir uma nova maneira de “propagação” da amnésia. Tudo indica que assistimos ao aparecimento de uma nova forma de amnésia, de um tipo “contaminante”, como se algum vírus ou bactéria estivesse se propagando entre os membros do governo e funcionários-militantes, democraticamente, do alto escalão até bancários subalternos, apagando-lhes a memória conforme suas conveniências.
Editado por Adriana às 9/21/2006 05:02:00 PM |
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