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DORMINDO COM O INIMIGO
por João Luiz Mauad em Mídia sem Máscara
Israel não está diante de um inimigo que pretenda persuadi-lo de alguma coisa ou que esteja atrás de qualquer barganha. Seus objetivos não são econômicos, políticos, ou mesmo religiosos. O propósito dos auto-intitulados jihadistas é meramente destrutivo. Estão envolvidos numa “Guerra Santa”, justificada unicamente pelo ódio contra os “infiéis”. Sua primeira missão é a completa extinção de Israel. Do alto de uma suprema intolerância, enxergam o povo judeu como a personificação do mal em sentido absoluto. Que espécie de diálogo pode haver com esse tipo de gente?
Como Churchill, acredito que muitas vezes o caminho da paz passa, necessariamente, pela guerra, e então é justo fazê-la. A guerra contra o terrorismo é uma dessas e deveríamos - não só israelenses e americanos, mas todos os homens para quem a liberdade é um valor sagrado - combatê-la com determinação, pois transigir com a intolerância e o fanatismo é suicídio.
O principal inimigo não é Bin Laden, Nasrralah, Sadam ou qualquer outro líder extremista, mas o voluntarismo ideológico e religioso dos jovens fanáticos, muito bem doutrinados por uma súcia de mentes assassinas. Essa geração de voluntários tem que ser militar, ideológica e psicologicamente eliminada, a fim de impedir o surgimento de uma seguinte, a qual, possivelmente, virá armada com armas biológicas, químicas e, posteriormente, atômicas. Para que possamos vencê-los, entretanto, é preciso unir a Grande Sociedade Aberta [apud Karl Popper] em torno de uma mesma estratégia política, diplomática e militar.
Equivocam-se todos os ingênuos que acham ser possível evitar esta guerra, bem como os que ainda teimam em acreditar que ela é só de Israel ou dos Estados Unidos. Esta é uma luta necessária, árdua e prolongada que, repito, deveria ser de todas as nações que ainda preservam a liberdade como um ideal superior. (Desgraçadamente, no entanto, não é isso que estamos vendo. Muito pelo contrário, temos testemunhado o mesmo festival de pusilanimidade e cegueira ideológica que contaminou as lideranças européias durante a década de 1930, enquanto os exércitos de Hitler se armavam e fortaleciam).
Não é difícil enxergar que este enxame de fanáticos fundamentalistas cresceu à sombra da mais completa e absoluta complacência de um Ocidente paralisado pelo veneno ideológico das viúvas negras de Marx, cujos sintomas múltiplos vão desde o anti-liberalismo, até o anti-semitismo, passando pelo anti-americanismo visceral e pela crença nos mais variados embustes, tais como o multiculturalismo e o relativismo moral.
A maioria desses sintomas eclodiu de forma violenta durante a recente escaramuça entre as Forças Armadas de Israel e o Hezbollah, quando assistimos a um verdadeiro festival de omissões e preterições, a exibições patéticas de covardia, sectarismo e demagogia, tanto na mídia quanto nos meios diplomáticos internacionais. Foram quatro semanas de disparatados pedidos de cessar fogo, de intensa gritaria pela necessidade de diálogo com a milícia libanesa (como se isso fosse razoável), de abjetas acusações de “overreaction”, de exposição constante de fotos e filmes produzidos por “Hezbollywood” – a Hollywood dos terroristas (http://www.youtube.com/watch?v=4RxK9r4MESY). Legitimaram perante a opinião pública a nojenta estratégia terrorista de usar mulheres e crianças inocentes como escudos humanos. Transformaram vítimas em algozes e vice-versa. Foi lamentável ainda a rapidez com que diagnosticaram a derrota israelense após a retirada das tropas, bem como as infames acusações - de Kofi Annan & Cia - sobre um hipotético uso de armas proibidas pelas forças israelenses.
Agora que o espúrio cessar-fogo vige, inexplicavelmente aceito pelo primeiro ministro Ehud Olmert (Ariel Sharon jamais aceitaria algo semelhante), caberia perguntar: o que ganhou Israel em troca da suspensão de sua campanha militar no Líbano? Quem irá impedir que continue o suprimento de armas pesadas para a milícia xiita? Que garantias se dão a esse país e a seu povo de que não seguirão sofrendo os ataques dos mísseis atirados pelo Hezbollah ou de que esses mísseis não virão carregados com ogivas químicas e biológicas, num futuro próximo?
Nenhuma, claro, pois o único direito de Israel, na visão dos burocratas esquerdistas da ONU, é o de suportar as agressões calado e quieto - em nome da grandeza e da pureza da paz, é claro. O fato de que se trata de um Estado livre e democrático sofrendo ataques constantes de grupos apoiados e financiados pelo dinheiro de países totalitários, governados por déspotas sem qualquer compromisso com o estado de direito, pouco importa a essa gente. Não aprenderam com Hitler e com os 60 milhões de mortos da 2ª Guerra e, portanto, dificilmente aprenderão um dia, pois a sua ideologia torpe se sobrepõe a tudo, inclusive ao bom senso.
Por mais incrível e paradoxal que isso possa parecer, o velho anti-semitismo recrudesceu no mundo ocidental, especialmente na Europa e na América Latina, justamente depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Ingenuamente, estão fazendo o jogo do inimigo, pois se conseguirem vencer a batalha contra os israelenses, as próximas vítimas dos intolerantes serão justamente as demais nações “infiéis” do Ocidente, aí incluídos a Europa pacifista, multiculturalista e politicamente correta e os perfeitos idiotas latino-americanos com seu bizarro socialismo populista.
E não pensem os esquerdistas (de todas as correntes) que esta aliança velada e oportunista que hoje mantêm com os terroristas irá além das conveniências momentâneas destes últimos, pois quebrarão a cara. O mundo projetado por esses caras é muito diferente das tolerantes democracias liberais do ocidente, onde o confronto de idéias não só é bem-vindo, como estimulado. Nele não há espaço para proselitismos, opiniões ou ideologias que não aquelas ditadas pelo Profeta. Pensando bem, para quem gosta de humor negro, até que poderia ser divertido assistir de camarote a essa última batalha, antes do apocalipse.


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/12/2006 01:23:00 AM      |