Entrevistas
Arthur Virgílio
Gerson Camata
Júlio Campos
Roberto Romano - 1ª parte
Roberto Romano - 2ª parte
Eluise Dorileo Guedes
Eduardo Mahon
p&p recomenda
Textos recentes
Arquivo p&p
  
AFINAL, QUEM É O ELEITOR? (1)
Por Onofre Ribeiro
Nesta série de artigos pretendo, com o auxílio dos leitores, tentar compreender a personalidade desse eleitor que vai às urnas no próximo dia 1o. Não é fácil compreendê-la, por uma série de razões. Entre elas, a de que perdeu a fé. Segundo, que duvida da real utilidade de alguns cargos, como os de deputados estaduais, federais e senadores.
Já em relação ao Executivo, ele parece mais decidido, porque baseia-se em resultados que possa medir, ainda que o balaio de medida seja absolutamente desconhecido até para a sociologia política.
Um pouco de sua história para compreendermos o presente. Ele veio de uma herança histórica de entregar na mão da política o seu destino e esperar sentado pelo determinismo dos resultados. Por determinismo, entenda-se aceitar pacatamente o que vier, porque foi a vontade de Deus.
Em 1991 ele levantou a cabeça pela primeira vez em sua história para assistir à derrubada do presidente Fernando Collor de Mello. Viu, mas não participou. Contudo, emprestou o seu nome a avalizou a queda do presidente que desagradava às elites políticas. Mas o eleitor nunca entendeu isso.
Em 2002 ele elegeu um presidente operário para dirigir o país como Moisés que faria a travessia do Mar Vermelho conduzindo o povo brasileiro à terra prometida da paz e do bem-estar social. De novo, foi a mesma coisa.Elegeu, emprestou o seu nome, avalizou e sentou-se para esperar o determinismo do destino.
Vieram as denúncias do deputado Roberto Jefferson e o desmonte da imagem messiânica do presidente. Pior. O desmonte do seu partido foi cruel e sanguinário. Engalfinharam-se na luta pela sobrevivência o presidente e o seu partido. Salvou-se o presidente e deixou paralítico o partido.
Vêm agora as eleições, num ambiente de carnificina pós-batalha. Os partidos políticos destroçados, o partido oficial sangrando, o Congresso Nacional perdido no mar de corrupção e de contradições, o governo federal naufragado em incompetência, em fisiologismo e em falta de rumos.
E, de novo, em 2006 o eleitor irá às urnas para repetir 2002: votar em todos os níveis dos poderes políticos do Estado brasileiro. Mas o eleitor está confuso e ao mesmo tempo determinado em posições claras: a maioria de 57% quer votar nulo ou em branco para deputados federais, quer votar nas intenções sociais do presidente candidato à reeleição. Mesmo votando pouco para deputados, vai reeleger a maioria dos acusados de serem mensaleiros ou sanguessugas.No Executivo votará baseado em outras escalas de valores.
Como entender esse eleitor?
Nos próximos dois artigos, com a colaboração do leitores, a tentativa será identificar para onde vai esse brasileiro peregrino com título eleitoral nas mãos.


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/13/2006 01:34:00 AM      |