Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa Alguns fenômenos vêm passando quase despercebidos nestas eleições. Um deles é o da herança política: pelo menos aqui no Estado do Rio, são vários os candidatos que representam caciques ou tradicionais famílias - que não por acaso são também tradicionalmente acusadas de malversação do dinheiro público. Geraldo Pudim (PMDB) nem disfarça que é apadrinhado de Anthony Garotinho. No programa eleitoral da TV, o ex-governador pede votos para aquele que um dia tentou fazer prefeito de Campos. Perdeu no jogo pesado da eleição municipal, a ponto de estar sendo processado no Tribunal Superior Eleitoral - com a mulher e governadora Rosinha - e a eleição ter sido anulada por abuso de poder econômico. Outro herdeiro político que tenta a reeleição é Fernando Gonçalves (PTB). Afilhado político do ex-anão do Orçamento Fábio Raunhetti - cujo mandato foi cassado -, está sendo acusado de envolvimento com a máfia das ambulâncias. Aliás, a família Raunhetti se faz representar por Paulinho, que busca vaga na Alerj.
Assim como os Cozzolino, de Magé. Tem ainda Leonardo Picciani (PMDB), filho do presidente da Alerj, Jorge Picciani, cuja atuação em Brasília de pouco se ouviu falar. Ou Cristiane Brasil (PTB), filha do ex-deputado - cassado - Roberto Jefferson, que pula da Câmara dos Vereadores para Brasília. Ou Carlos Nader, filho do polêmico ex-presidente da Alerj (hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado), José Nader. O outro fenômeno é o daqueles que estão empurrando fortunas para se elegerem e, assim, fugir dos inúmeros processos em que estão arrolados. Antonio Palocci é um deles: sua campanha, segundo relatos, é de uma fartura de dar inveja a colegas de PT. E como em Ribeirão Preto ele vai mal das pernas, está partindo inclusive para a seara de outros companheiros. A campanha de Palocci não tem respeitado limites regionais ou entidades de classe: se há brecha, se enfia, sendo ou não reduto de um correligionário. A avidez de votos se explica. A Polícia Civil de Ribeirão Preto e a Polícia Federal o denunciaram em pelo menos sete crimes - de prevaricação a peculato, tanto pela época em que foi prefeito quanto pela que foi ministro da Fazenda. Eleito, gozará da imunidade parlamentar que fará tais processos pararem no Supremo Tribunal Federal, transformado em delegacia de polícia. Como falta ao STF gente e equipamento para tratar de um assunto como este, que de constitucional nada tem, representa dizer que Palocci exerceria mandato parlamentar como se nada houvesse acontecido. Podendo até se reeleger em 2010 sem que a questão esteja concluída.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/13/2006 01:29:00 AM |
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