Não, eu não estou escrevendo roteiro policial, ainda. Estou apenas relatando aos leitores o dia-a-dia da EMPAER – empresa matogrossense de pesquisa, assistência e extensão rural. O fato, ocorrido este ano é apenas uma amostra do abuso de poder que vem ocorrendo na EMPAER, tudo documentado, é bom que se saiba. O que este presidente queria com a tal lista? Claro que saber quem havia comparecido à reunião sindical para futura repressão.
Isso é muito grave, é prova de perseguição política, autoritarismo, é prova de que o nosso estado de Mato Grosso possui de fato um “Governo Policial”.
Em dezembro de 2004 o presidente da empresa assinou, por força do Ministério Público do Trabalho, um Termo de Ajustamento de Conduta onde estava fixada a obrigação de não demitir funcionários sem que fosse por critérios técnicos ou disciplinares, não manter contato individual ou coletivo com funcionários sem a presença do sindicato e dos advogados, etc. Em linhas básicas, ele foi avisado da obrigação de cumprir as leis trabalhistas do nosso país. Provavelmente ele ainda não as conhece. Essa medida foi tomada em função da perseguição desencadeada pelo presidente aos empregados que possuíam ações trabalhistas em andamento. Ele os pressionava a desistirem de suas ações sob pena de serem demitidos.
A que ponto chegamos? Como é trabalhar para um homem deste?
O que mais eu escutei dentro da EMPAER foi reclamação de autoritarismo e falta de preparo administrativo, como muito bem me foi descrito pelos empregados: “pregação de terrorismo, ofensas, ameaças, coação e total falta de respeito ao ser humano”. Pelo que eu entendi o Presidente da EMPAER se tornou uma espécie de caçador de bruxas, tal qual Joseph McCarthy, senador norte-americano que nos anos 50 anunciou possuir uma lista de 205 comunistas “fichados” trabalhando no Departamento de Estado. Por obra dele iniciou-se uma verdadeira “caça as bruxas”. Eu diria que o presidente da EMPAER seria uma espécie de Zezinho McCarthy de Mato Grosso ou DO Mato Grosso, como eles insistem em pronunciar.
Além disso, de acordo com os documentos que recebi dos empregados, existe a prática de nepotismo (e eu tenho os nomes com os respectivos graus de parentesco), distribuição de diárias sem a realização de viagens, centralização de poderes nas mãos dos parentes. Existe ainda o uso de bens públicos em benefício próprio. Na hora que me disseram que o presidente usava carro da empresa como se fosse seu, eu achei estranho. Na saída da EMPAER, parei assim como quem não quer nada, ao lado de um funcionário e puxei conversa, primeiro sobre a secura do tempo, o calor infernal e quando ele estava bem à vontade eu perguntei:
- O senhor conhece um carro da EMPAER da marca Pegeot?
- Conheço sim, dona.
- Hum! E quem usa o carro?
- O Presidente.
- E nos finais de semana?
- Uai, o presidente. Como é que ele iria para casa?
O empregado que eu encontrei no meio do caminho, nem sabe que levar o carro da Empresa para casa é ilegal e imoral. Mas eu sei e o presidente deveria saber. Acho que será preciso um novo Termo de Ajustamento de Conduta para que ele entenda que o que é público não é dele.
Esse é o Zezinho McCarthy da EMPAER, um competente e próspero criador de suínos. Sei que terá eterno sucesso nesse ramo, ele entende da coisa, a prova está na forma “cordial” com que ele trata seus empregados da EMPAER.
Presidente, eles não são suínos, são humanos. Mas será possível que eu vou ter que ficar explicando pra essa turma que gente é gente, soja é soja e porco é porco?!? Que gente trabalhosa, sô!!!