Na Tribuna da Imprensa O músico Wagner Tiso acredita que há movimento para derrubar o presidente Lula e que a queda do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em junho de 2005, e sua posterior cassação, em outubro, foi o primeiro impulso neste sentido. Em e-mail ao jornal "O Estado de S. Paulo", ele explicou que defende Dirceu por "senso de justiça, antes de tudo". "Percepção política, além de tudo. Derrubar o Dirceu foi o primeiro movimento de um objetivo maior que era derrubar o governo. Afora isso, o Zé Dirceu era e continua sendo meu amigo." Tiso nega que a defesa seja fruto de patrocínios recebidos de empresas estatais a partir de 2003, quando o PT, sigla que ajudou a fundar, assumiu o poder. "O primeiro patrocínio do governo Lula que tive ocorreu em 2005, para espetáculo ao vivo com a gravação de CD e DVD comemorativos dos meus 40 anos de carreira
Recentemente, prestei consultoria artística, na minha área musical, para o Teatro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), em contrato fechado de três meses", continuou. "Recebi patrocínio do governo Fernando Henrique muito mais do que do governo Lula." O contrato a que se refere foi patrocinado integralmente pela Lei Rouanet, que permite às empresas - públicas e privadas - usar parte do Imposto de Renda no financiamento de projetos culturais. Embora seja verba pública, Tiso não divulga quanto recebeu, pois cláusula do contrato o proibiria. A assessora da Petrobras, Míriam Guaraciaba, confirma: "A empresa não divulga valores de contrato de patrocínio porque envolvem outras partes além da Petrobras." O BNDES informou que contratou o músico "dispensando a realização de licitação por notório saber". "Pelo trabalho, que durou dois meses, Tiso recebeu o valor de R$ 8 mil. Coube a ele a escolha de 70 artistas entre os mais de 300 inscritos." O site de Tiso, onde estavam projetos de seus 40 anos de carreira, estava fora do ar ontem, mas deve voltar com os dados. Apesar de apoiar Lula, Tiso declara que queria mais. "Não sou ingênuo. Há limites para ações de quem está no poder. Mudanças, se não forem feitas pela via autoritária, que eu condeno, só podem ser feitas pela negociação", escreveu. Ele se recusa, porém, a acreditar que houve mensalão. "Não acredito na história do mensalão. Isso porque o número de parlamentares de vários partidos que comprovadamente receberam dinheiro é muito pequeno." Sobre caixa dois: "Lamento que o PT tenha usado (...) É crime, tem que ser punido. Mas antes tem que ser provado." Tiso defendeu-se de declaração atribuída a ele após reunião de artistas com Lula, no Rio: "Nem mesmo o mais corrupto dos políticos daria aquela declaração." Na ocasião, ele teria dito: "Não estou preocupado com a ética do PT, nem qualquer tipo de ética. Para mim, isso não interessa. Acho que PT fez o jogo que tem de fazer." "Meu objetivo era (e é) atacar os falsos guardiães da moral. Eles, de fato, querem atingir o governo e não estão preocupados com a lisura na vida pública", justificou-se.
Editado por Giulio Sanmartini às 8/29/2006 07:55:00 AM |
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