Onofre Ribeiro A não ser os mais antigos que se lembram das eleições da década de 50 e começo de 60, quando elas eram muito animadas, as deste ano estão mortinhas da silva. Aquelas eram eleições baratas movidas a entusiasmo e partidarismo. As recentes, depois de 1982, eram eleições muito caras. No regime militar empresários descobriram canais de penetração nas grandes obras e nos grandes interesses governamentais. Findo o regime militar, começaram a investir pesadíssimo nos candidatos a parlamentares e a governadores e presidentes da República, a fim de garantir canais de serviços e de fornecimento. Nascia aí uma promiscuidade que transformaria as eleições em bolsas de apostas e no troca-troca de favores e de benefícios usando o dinheiro público e mandatos.
Neste ano, algumas coisas mudaram profundamente. Tanto, que a eleição está morta, quase sem movimento. Neste final de semana estive em Sinop e Sorriso, e viajei de carro entre as duas cidades. Quase nenhum movimento eleitoral. Então, o que está acontecendo?: 1 – as restrições da legislação eleitoral proibindo showmícios, camisetas, bonés, brindes e out-doors; 2 – a péssima reputação dos políticos. Pesquisa Datafolha deste fim de semana mostra que 49% das pessoas só votarão porque é obrigatório. A maioria pretende votar nulo ou branco para parlamentares; 3 - a incapacidade da maioria dos candidatos em compreender o momento de transição e de passar isso ao eleitor. Por isso, não conseguem dizer o que poderão fazer para redimir essa péssima imagem; 4 – a inexistência de partidos políticos capazes de prender o eleitor em idéias mais abrangentes do que os discursos individuais dos candidatos. Eleição sem partido é um exercício de suicídio; 5 – a inexistência de dinheiro financiando as campanhas dos partidos. Quem tem prestígio ou recursos próprios consegue algum financiamento. Quem não tem, morre de sede; 6 – as coligações predominam sobre os partidos e se tornam grandes conglomerados de interesses dos dirigentes partidários. Essa máquina sem ideologia ou compromissos definidos, massacra e promove quem possa oferecer resultados e não a quem ofereça possibilidades; 7 – pouquíssimos candidatos prepararam suas campanhas adequadamente. A maioria entrou na última hora sem planejamento. Deparou com uma eleição cara e com um eleitor desconfiado com o qual não consegue se comunicar; 8 – o ambiente eleitoral é de alarmar. Os eleitores querendo segurança, ética, garantias de qualidade de vida, educação e saúde. Isso tudo traduzido, é impossível de ser cumprido em menos de 15 anos. E os candidatos (exceção do único senador em MT), terão mandato de quatro anos. É muito pra cabeça de qualquer um, numa única eleição!.
Editado por Giulio Sanmartini às 8/29/2006 01:20:00 AM |
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