Por Giulio Sanmartini Por mais que muitos que se dizem intelectuais e “politicamente corretos” não queiram reconhecer, a organização Hezbollah agrediu frontalmente Israel em seu território, com lançamento de mísseis contra centros civis habitados e com o homicídio e seqüestro de soldados israelenses, o que levou Israel a empreender uma vasta ação militar de defesa, contra a própria organização e contra as autoridades libanesas, que dão total cobertura e ajuda a tal organização que prega exclusivamente da destruição do Estado de Israel. Na atual Israel existem três intelectuais pacifistas que atingiram um renome mundial em função de suas discordâncias com a política de seu governo. Tratam-se dos escritores Avraham Yehoshua, Amos Oz e David Grossman. Nesse último dia 7 eles deram uma entrevista à imprensa o tema foi a situação Israel-Palestina Apesar de na vida profissional terem idéias muitas vezes contrárias, nesse assunto conseguiram chegar a um termo comum. São favoráveis a um imediato cessar fogo, mas por outro lado, não tem dúvidas sobre a legitimidade da guerra e da posição israelense.
Na terça feira passada (8/8) A&P publicou na íntegra o artigo de Yehoshua – “Mas os motivos da guerra para mim continuam justos” – hoje vamos publicar o de David Grosman. Ele nasceu em Jerusalém (1954), seus trabalhos na grande maioria envolvem o conflito Israel-Palestina, como se pode ler ensaio reunindo crônicas – “A guerra que não pode ser vencida”. Grossmam chegou a ser indicado para prêmio Nobel de Literatura, vamos a entrevista dada ao jornalista Aberto Stabile de “la Repubblica”. David Grossman, o que o leva a afirmar que os objetivos “razoáveis e possíveis” dessa operação militar tenham já sido atingidos? “Penso – disse respondendo por telefone – que aqueles objetivos tenham já sido alcançados há alguns dias e tudo que agora Israel poderá obter não mudará o quadro geral, mas nos fará cair cada vez mais na armadilha libanesa. Agora já estamos sujeitos a pressões suficientes para negociar com o Líbano.” Segundo senhor, partindo do pressuposto que os combates cessem agora, Israel sairá vencedor nesse confronto? “Não pode existir um cessar fogo unilateral, faz-se necessário um consenso das duas partes para que seja efetivo. O acento aqui é na palavra “consenso” Qual a diferença, que existe para o senhor, entre “cessar fogo imediato e a fórmula de seu apelo: Consenso imediato de um cessar fogo recíproco?”. “É muito difícil vencer uma organização de guerrilha que não tem limite algum, nem algum obstáculo. O Hezbollah agiu contra nós até agora, sem um freio de qualquer estado árabe, simplesmente porque não tem que prestar contas a ninguém, nem aos seus eleitores, nem à Assembléia da ONU, nem à Convenção de Genebra. Opera segundo os ditames de sua fé fundamentalista, está disposto a matar, a destruir o Líbano sem alguma excitação, disposto a matar seus irmãos árabes. É claro portanto, que nos encontramos de frente com um elemento difícil de vencer. Há uma diferença a respeito das guerras precedentes, nas quais Israel venceu no campo de batalha, mas sempre foi constrangido a ceder durante as negociações. Agora me parece que a situação seja oposta, e que em uma negociação Israel possa obter alguns resultados diplomáticos e militares, com o afastamento do Hezbollah da imediata linha de fronteira com Israel e mesmo que não se fale de um desarmamento do Hezbollah, se trata certamente de um enfraquecimento, que nos assegurará dois ou três anos de tranqüilidade, na esperança que o povo do Líbano se alinhe contra ele”. A trégua começou ontem às 7 da manhã com o cessar fogo de ambas as partes. Mas no sábado pouco mais de 24 horas antes, um míssil do Hezbollah atingiu o estacionamento de um kibbutz, onde soldados de Israel descansavam deitados sobre sacos e no chão, resultado: 12 deles foram mortos, entre estes Uri, comandante de um carro armado, que no dia 27 completaria 21 anos, seu sobrenome era Grossman. Uri Grossman, o filho mais velho do escritor David Grossman. Quando um pai, contra a natureza, se vê acompanhando o enterro de um filho dizem os hebreus: “Que o Senhor te console e que você não possa conhecer mais a dor”. Quis o destino, na seqüência inexorável de sua maldade, que David Grossman perdesse no campo de batalha o de mais precioso que alguém possa ter, aquilo que representa a seqüência da própria vida. A guerra roubou-lhe a imortalidade !
Editado por Giulio Sanmartini às 8/15/2006 05:05:00 AM |
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