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O DIA EM QUE CONHECI ADEMIR DA GUIA
Por Giulio Sanmartini
Acabo de ler na Gazeta Esportiva o artigo de Marcelo Cazavia – Filme “completa” obra do Divino Ademir da Guia. - Trata do filme documentário de Penna Filho - “Um Craque Chamado Divino – Vida e Obra de Ademir da Guia”, que estreará no próximo dia 11.
Não pude deixar de lembrar o dia que conheci Ademir da Guia, depois desse dia nunca mais o vi. Corria a ano de 1982, era um domingo em início de noite, eu morava em São Paulo, estava sozinho num bar da Brigadeiro Luiz Antônio e tomava tranqüilamente meu chope, quando vi um sarará alto entrando com outra pessoa. Minha respiração parou, era ele: Ademir da Guia. Queria falar-lhe mas a emoção foi tal, que num raro momento fiquei mudo apenas olhando o Divino, filho de Arte do também “Divino Mestre” Domingos da Guia.
Passado pouco tempo, chegou a minha chance. Ademir pergunta ao dono do bar se sabia os resultados dos jogos do Rio de Janeiro, adiantei-me e fui logo dizendo:
- Seu time perdeu para o Vasco. – ele é torcedor do Bangu
- Como o senhor sabe meu time? – perguntou curioso.
- Veja meu bom! Eu gastei um patrimônio só comprando entradas para te ver tratando a bola por você.
Ele acho a observação engraçada, o que permitiu sentar junto e oferecer o chope, claro que o papo era futebol, mais precisamente jogadas históricas.
Falamos dos grandes gols que Pelé perdera, portanto caímos na Copa de 1970, concordamos que não foi aquele contra a Tchecoslováquia, que Pelé pouco depois do meio de campo mandou a bola tentando surpreender por cobertura o goleiro Viktor, que se embrulhou “chaplinianamente” nas redes e a bola foi para fora; também a que ficou registrada para a posteridade, contra o Uruguai, em que Pelé dribla, sem tocar a bola, só com jogo de cintura o goleiro Mazurliwcz, mas não chega a tempo de fazer o gol. Nessa jogada Carlos Niemeyer, em seu Canal 100, faz um truque em que o Rei consegue o gol. Todavia a grande jogada foi nesse mesmo jogo, quando Pelé pega de bate pronto um tiro de meta a meia altura, batido pelo goleiro, este teve que se esticar todo e milagrosamente fez a defesa. Foi a única vez que vi Pelé desesperar-se por perder um gol, saiu apertando a cabeça.
Nesse ponto notei que o amigo de Ademir sem esconder, demonstrava uma grande contrariedade, acredito que era pelo fato de estar excluído na conversa. Aí comentei uma jogada inteligente do Serginho Chulapa do São Paulo, nesse ponto ele não agüentou e estufando o peito ameaçadoramente disse:
- Lhe digo como jogador, que essa jogada não é e possível.
Parei e olhei para ele, com que surpreso por ter notado só então sua presença.
- E quem é você? – perguntei cheio de curiosidade.
- Eu sou o Mirandinha da Seleção Brasileira !
- Não conheço não! – respondi com lacônica ironia e continuei minha conversa com Ademir
Mirandinha saiu do bar xingando, Ademir dava gargalhadas, mas disse ter que ir embora senão seu amigo ficaria zangado.
E assim foi!


Editado por Giulio Sanmartini   às   8/09/2006 02:20:00 AM      |